Passando
por cima da pequena política, de resto, muito conveniente à confusão, o que
temos é mais uma crise de conjuntura do capitalismo. David Harvey tem um nome
para este novo ciclo: “acumulação flexível” – designação também dita, mais ou
menos de outro modo, como fez Armínio Fraga ,há meses, no “Estadão”: o contrato
social da Constituição de 88 não cabe mais no PIB nacional.
São
inúmeros os exemplos de que o problema não tem apenas um caráter doméstico.
Manifestações recentes na França evidenciam a estratégia global. Parece que o
fluxo desregulado de capitais, uma característica do neoliberalismo das três
últimas décadas, levando à crise de 2008, ensejou reflexões e ajustes que não
ficam muito claros, mesmo entre a crítica mais aguda. Certo, nada se espera de
quem precisa da confusão. E, por isso, vale arriscar uma interpretação com base
nas informações articuladas aqui e ali:
O
ajuste liberal que se divulga não merece este nome. A “acumulação flexível” de
Harvey fornece a chave: talvez estejamos na ante-sala, nos preparativos da
configuração de um Estado Policial, ao consenso da hegemonia do
“semipresidencialismo” sendo sucedido pela coerção em grau inimaginável, pois
que é o que pode garantir, no aprofundamento do neoliberalismo das últimas
décadas, a extração de lucro num ambiente de completa precarização da força de
trabalho.
Talvez,
a manutenção do decurso de prazo deste governo de portaria da coalização
estropiada seja necessária à organização de forças de resistência.
SRN
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