quinta-feira, 7 de abril de 2016

O papel do Estado: policial?

Passando por cima da pequena política, de resto, muito conveniente à confusão, o que temos é mais uma crise de conjuntura do capitalismo. David Harvey tem um nome para este novo ciclo: “acumulação flexível” – designação também dita, mais ou menos de outro modo, como fez Armínio Fraga ,há meses, no “Estadão”: o contrato social da Constituição de 88 não cabe mais no PIB nacional.

São inúmeros os exemplos de que o problema não tem apenas um caráter doméstico. Manifestações recentes na França evidenciam a estratégia global. Parece que o fluxo desregulado de capitais, uma característica do neoliberalismo das três últimas décadas, levando à crise de 2008, ensejou reflexões e ajustes que não ficam muito claros, mesmo entre a crítica mais aguda. Certo, nada se espera de quem precisa da confusão. E, por isso, vale arriscar uma interpretação com base nas informações articuladas aqui e ali:

O ajuste liberal que se divulga não merece este nome. A “acumulação flexível” de Harvey fornece a chave: talvez estejamos na ante-sala, nos preparativos da configuração de um Estado Policial, ao consenso da hegemonia do “semipresidencialismo” sendo sucedido pela coerção em grau inimaginável, pois que é o que pode garantir, no aprofundamento do neoliberalismo das últimas décadas, a extração de lucro num ambiente de completa precarização da força de trabalho.

Talvez, a manutenção do decurso de prazo deste governo de portaria da coalização estropiada seja necessária à organização de forças de resistência.


SRN

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