segunda-feira, 18 de abril de 2016

Meu caro amigo

Meu caro amigo nós nos lembramos de que, logo após a saída articulada dos militares para a "Nova república", que só não deu Tancredo, porque ele morreu e assumiu o notório Sarney, não havia mais direita no Brasil. Éramos um país praticamente à esquerda, como se a ditadura tivesse sido obra de ETs. Não fizemos nenhum trabalho de memória, prevalecendo o que ficou acertado na anistia-amnésia de 79. Como não havia conivência, tampouco cumplicidade, o tempo passou. Bolsonaro, recentemente, para o pior Congresso que eu já vi, deputado mais votado na nossa Guanabara, minha e sua que tão bem a conhecemos e que a operação do Geisel com o Célio Borja nos suprimiu, em 75, a fim de eliminar a crítica mais radical da República. As ruas cheias de um verde-amarelo da nossa adolescência que tão bem sabemos o que representa, numa atualização anacrônica do "Brasil: ame-o ou deixe-o". A ditadura militar-empresarial absolvida, comprovando sua condição de produto social, com amplo apoio, finalmente sem o constrangimento da máscara envergonhada dos anos 80, e não o deslocamento de sentido de que a sociedade havia sido exclusivamente vítima, resistente.

O papo do cara ontem na delegacia é um exemplo.


SRN


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