Lula
não é, nunca foi socialista, tampouco liderou qualquer projeto político
semelhante. O "baixo reformismo" que comandou era um mero projeto de
poder que buscava hegemonia numa composição que só poderia dar no que deu.
Reformismo intenso no Brasil ou termina em suicídio (Vargas) ou em golpe
(Jango). Nem Vargas nem Jango, embora
líderes de origem burguesa, ao contrário de Lula, não se associaram de maneira
corrupta à "plutocracia oligárquica, bajulada pela classe média
branca". Nem Vargas nem Jango associaram-se a empreiteiros nem a fundos de
pensão corporativos. Lula paga o preço por ter sido útil ao capital. Como li
ontem, em algum lugar, "preso político sempre foi aquele que ameaçava a
ordem burguesa, não quem dela se beneficiou."
E o
pior: o que era um projeto de hegemonia, agora virará uma questão de
sobrevivência pessoal. Lula preso, ainda que por poucos dias ( há mecanismos
jurídicos que conseguirão mantê-lo em liberdade, para não falar das ADCs que,
mais cedo ou mais tarde, serão julgadas pelo STF), será, irresponsavelmente,
cada vez mais o candidato do PT. Temo pela polarização violenta que viveremos.
Pela primeira vez, caso isso ocorra, temo também pela ruptura do inédito
período de amadurecimento institucional de 30 anos que vivemos em nossa
história.
Um
dado histórico muito importante, agora oportunamente esquecido: o PT, com Lula
à frente, foi o campeão fiscal da moralidade que muitos hoje consideram
hipócrita, demonstrando que, ao contrário do senso comum, o que temos é uma
história saturada de memória, quase sempre, conveniente. Tanto que chegou a ser
chamado de "UDN vermelha". Isso cobra um preço.
Não se
esqueçam da música que o Paralamas fez a partir do que o Lula classificou o
Congresso: um bando de picaretas e ladrões.
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