Eu
tive um tio padre, irmão da minha mãe. Estudou no São José, entrava no
Seminário (acho que ali no Rio Comprido), saía do Seminário, e, não fosse pela
minha Tia, firme e forte aí até hoje, não teria sequer se graduado em
filosofia. Mas, o fato é que acabou padre, andou pela Bélgica, França, Barra
Mansa, Mogi das Cruzes (no interior paulista, desculpem-me o pleonasmo),
morreu, recentemente, em Juiz de Fora, após uma temporada de monge, Irmão
Cirino, o codinome que adotara, onde o conheci melhor, ali no São Bento,nos
anos 2000. A vista da Baía de Guanabara, daquele penhasco privilegiado do
Mosteiro quando eu ia visita-lo aos sábados, era uma maravilha, justificava a
visita. A vocação pro sacerdócio foi alguma coisa certamente muito divertida
para o meu avô, português, açougueiro, daqui da Tijuca:
“Meu
filho, eu já tenho três saias, e você ainda vai botar mais uma.”
Hoje,
meu avô, absolvido pelo anacronismo do neto, padeceria na brasa do churrasco da
patrulha. Juarez, aliás, foi porque meu avô gostava do tenentismo e, por isso,
batizou o filho.
Fiz as
ilustrações ( uma Maria negra, que percebeu e gostou) para o livro que esse meu
tio resolveu lançar pouco antes de morrer. Trata-se de umas perguntas que
queria que nós respondêssemos acerca de Maria. Eu me diverti fazendo os
desenhos, mas não respondi a nenhuma das perguntas. É quase pueril, mas,
curiosamente, o apelo ao diálogo que meu tio padre faz acho que vale.
SRN
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