sábado, 25 de julho de 2015

90 anos do Globo. E as Diretas Já?



Começou o panegírico: 90 anos de uma vetusta instituição. As imagens irão nos inundar com a dignidade e a firmeza da história do nosso século passada a limpo nas páginas de O Globo. Será que irão lembrar-se do dia 26 de janeiro de 84?

No dia anterior, em São Paulo, na Praça da Sé,  milhares reuniram-se, junto a políticos e celebridades, pra pedir eleições diretas à Presidência da República. O Estado de São Paulo, jornal conservador, liberal, igualmente defensor da livre empresa e apoiador do golpe de 64, entretanto, estampava a manchete principal, com clareza:

“Multidão vai á Sé para pedir eleição direta”

Enquanto isso, aqui no Rio, o Globo passava incólume, preferindo ignorar o comício, certamente por ir de encontro ao seu papel de disciplinado porta-voz do regime e, tal era o fato, que a manchete principal desse mesmo dia 26 de janeiro de 84 era a seguinte:

“Antônio Carlos: Bahia segue Nordeste e apóia Andreazza”

À ditadura militar-empresarial recente faltavam elementos que pudessem caracterizá-la como fascista. Terrífica, é certo, mas, não fascista. Entretanto, mexendo nos acervos digitais dos grandes jornais prum trabalho, vi como havia no Globo elementos da propaganda do Ministério do Reich para Esclarecimento Popular e Propaganda, encabeçado por Joseph Goebbels. O fascismo alemão considerava propaganda a doutrinação popular através de imagens a partir de uma ideia, e o Globo se prestou à exaustão o papel de porta-voz do "Brasil Potência', do 'Ame-o ou deixe-o" do período do "milagre econômico" de Medici, ao passo que um jornal como o JB, , aqui mesmo no Rio, igualmente conservador, liberal, anti-comunista, como o Estadão, em São Paulo, permitia o contraditório e dava uma lição de liberdade possível em uma ditadura.


SRN

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