quarta-feira, 29 de julho de 2015

Raymond Williams é útil nos 90 anos do Globo


Os Estudos Culturais constituíram-se na Inglaterra, sobretudo com Raymond Williams, que escreve o texto fundador “Cultura e Sociedade’, nos anos 1950, para superar a crítica formalista que defendia a autonomia “superior” da arte sobre o mundo “inferior” da vida real, a concepção abstrata, metafísica, da arte, dissociada da produção material completamente desestabilizada desde a Revolução Industrial. A “alta cultura” foi uma tradição que se construiu, a partir do século XIX, em reação à Revolução Industrial que organizava a sociedade à base da máquina e do mercado.

Os Estudos Culturais também retificaram a crítica cultural marxista, a velha relação infraestrutura/superestrutura, pela qual a arte não passa de decoração da vida real. A cultura não é apenas reflexo, ao mesmo tempo em que é produzida também produz a realidade, portanto, é um meio de acesso próprio ao seu conhecimento e transformação.

Os anos 50 se explicam, pois vínhamos de imediato da II Segunda Guerra. Na sociedade dos meios de comunicação de massas, emergente, a dominação do capitalismo torna-se sutil, não se limitando apenas à propriedade e à coerção. Agora dispunha de meios de organizar a representação da experiência do que se viveu. A imagem passa a ser uma construção política a serviço do controle.

É muito divertido ver os elogios auto-referentes de “imparcialidade, objetividade e respeito à diversidade”, na comemoração dos 90 anos do Globo.

Só falta a crônica cheia de gordura do Pedro Bial, o “intelectual” das organizações Globo.

Nem é bom consultar o Caboclo Sete Flechas, aqui na 28, em Vila Isabel, pra saber o que pensa Raymond Williams.

SRN    

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