Hoje
é dia do camponês. E Francisco Julião, advogado, organizador das famosas Ligas
camponesas, é uma boa síntese gráfica de homenagem. Também uma lembrança pra
Kátia Abreu, por sua vez, a síntese do modelo agrícola nacional, do agronegócio
preocupado com o fim das vantagens comparativas do negócio da China.
Curioso
é que foi justo o campo uma das desculpas da derrubada de Jango. O
latifundiário gaúcho foi deposto por comunismo e logo em seguida o marechal
Castelo Branco elabora o Estatuto da Terra e – não é piada – uma lei de reforma
agrária e de desenvolvimento agrícola. Castelo jogou mais ou menos como o Tita,
no maior Time do século passado: queria a 10 do Zico e quando o substituía,
jogava muito – pra arquibancada. Como o próprio marechal, que o desprezava por
considerá-lo “coisa do povo”, o binômio golpista segurança
nacional/desenvolvimento econômico, aliás, nem sequer prestava atenção ao
futebol, conforme, posteriormente, o faria em 1970.
O diagnóstico
de Roberto Campos, ministro do planejamento de Castelo, não era muito diferente
do do governo Jango. Indispensável uma reforma agrária, superando o latifúndio,
pesado,lento, improdutivo, a fim de modernizar a agricultura, aumentando sua
produtividade, e, em consequência, atualizando o capitalismo nacional. O
negócio era tão bonito que se pensava até em uma classe média rural, consumindo
a produção industrial urbana.
Um
mundo perfeito, como se vê, não fossem as forças sociais que sempre atrapalham.
Uma delas era a CRB, com este nome de sigla de time do campeonato brasileiro
dos anos 70 do almirante Heleno Nunes, com mais de 100 clubes em disputa –
afinal, “quando a Arena vai mal, mais um clube no nacional”. CRB era a
confederação rural brasileira, em 1965, posteriormente denominada CNA,
confederação nacional da agricultura. Numa palavra: latifundiários.
Talvez,
o problema de Francisco Julião fosse não ter sido tão bom no lado esquerdo do
campo quanto o marechal pra poder jogar no time do CRB.
Tudo
está muito melhor explicado no texto da professora carioca e historiadora,
Carolina Ramos, “A Confederação Nacional da Agricultura e o Estatuto da Terra:
embates e recuos”, cujo link segue abaixo
SRN
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