quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pé na Cova ou Plenkov Silva



Por 28

Pé na Cova, aí em cima, ficava na entrada da favela. Não precisava da pipa no alto. Não gostava de alemão, até por razões afetivas. Filho de puta, russa, polonesa, um país desse aí,  com pracinha da FEB. A cobra fumou bonito e Plenkov Silva virou Pé na Cova.  
Chegava tranquilo, o bujão de gás já reservado, era só botar nas costas e voltar pra casa. Aquela era uma época em que eu bebia direito. 

"E aí play? Burguesinha ou quente?"

Cerveja só no amarelinho, quando era desenhista da Mesbla, ali no Passeio, e pegava minha futura-ex-mulher pra aproveitar o plano Cruzado. 

Foi o que me fodeu, primeiro os dentes. A parada da melitus, sem chance. É melhor mudar de assunto. Tem remédio agora, porque a cabeça também não anda firme. O negócio anda de um jeito que tenho de parar de escrever, olhar pro caderno com o escudo do Flamengo que ganhei da minha filha. Olho pra saber do que estou falando. Esqueço. Como esqueci-me agora mesmo do pronome. Mas e aí?

Pé na Cova. Pé na Cova, ou Plenkov Silva, porque está aqui uma cópia que o Máximo me mandou de um colega seu de faculdade. Colega é sacanagem. O Máximo é o mais velho da UERJ, muito mais veterano do que muito professor e ainda manda uma dessa "colega" da UERJ. Não fode, meu irmão. Uma molecada com idade da Carolina, e aí? Como anda a menina?


O e-mail do moleque é o seguinte:

" Esse anacronismo do 28 se faz não só no presente, mas no passado e no futuro. E não é anacronismo no sentido de ultrapassado é critico, corrosivo, é o anacronismo de quem está a um passo a frente de seu tempo, mas insiste em caminha olhando para trás. É como beijar uma mulher pensando em outra, é tudo muito bom, mas dá aquela dor de não saber para onde ir. O 28 sabe para onde ir, não o vai por que já está lá, ele é aquilo e pronto. Se você perguntar para o 28 onde ele está, vai ouvir a singela resposta "não estou lá". 
Tem até um filme, muito bom por sinal, com esse título, "Não estou lá", que é a cinebiografia do Bob Dylan. Um músico convencional, não poderia ter uma cinebiografia convencional. O diretor coloca 6 atores que supostamente encarnam Dylan em diferentes fazes de sua carreira, mas em momento algum isto está explicito ou explicado (até uma mulher interpreta o suposto Dylan). Acho que o 28 vai para o mesmo caminho. Quem disse que ele precisa ser um? Ele é arquetipos, conceitos, estereótipos, ideologia (acredito que ele só tenha uma mesmo, ele é um romântico à moda antiga). Quem é 28? Quem conhece sabe entender, só não sabe explicar."



Sem sacanagem, Máximo, vai fazer outra coisa. Volta a desenhar profissionalmente, arruma uma barraca na feira de Ipanema pra vender tela, ou então, artesanato, aqui perto, na Sãens Peña. Quando é que você pensaria ou seria capaz de escrever uma coisa dessa a respeito, por exemplo, do Pé na Cova? 

Valeu aí, Renato, mas, eu existo. Não sou personagem, apesar dos aspectos imagéticos. Calcule o que diria se me visse pendurando a perna pra secar da chuva que eu peguei outro dia saindo do boulevard?  

Não me levem a mal, mas tá incômodo aqui pra digitar. 

E os capiaus ontem? Os caras vêm da roça do tietê, atravessam a fronteira, chegam ao Brasil. Time pequeno era melhor chamar de volta o Bangu e pagar o táxi preço fechado.


SRN

Um comentário:

  1. Quado você diz que não é um personagem tá agindo como um. Tão personagem quanto a perna que coloca para secar. Quem disse que precisa dela? Vai brotar outra mesmo. se usar não usa para andar, usa para bater. Bater só na imaginção não tem "raça". Faz o seguinte, pendura uma bandeira do Flamengo ai. Tremula ela, melhor serventia do que essa impossível.
    Agora to na dúvida...você que ensinou o Bob Dylan a se reinventar

    Pago taxi para trazer 11 putas mais gostosas da VM, um time do Bangu, Madureira ou América, mas não pago um pau de arara para trazer essas bibas de roça do capiau. Sem chance.
    Para eles...Plenkov Silva mirando num caminhão de botijão de gás...com todos eles presos ao tal botijão.

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