quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Água com Gás

Os professores fazem graça - "ainda não desistiram?" - e um novo semestre começa. A vida que segue, entretanto, é muito simples. E o camarada olha pro lado e chega à conclusão de que o curso de história deveria ser, de fato, exclusivo à Unati. Coisa da terceira idade, os livros ao lado do sofá, o Flamengo na televisão, a água mineral com gás, o cachorrro aos pés e o camarada seco pra ver a família, os problemas da família, pelas costas, lembrando-se do que lera há muito, quando ainda era desenhista profissional, a respeito do que dissera o pai de Picasso:


"Gosto muito dos amigos, mas gosto mais ainda quando vão embora."


Além do que é pior: alguns anos de leituras cerradas, não diletantes, para ter de se transformar em professor. Aqui a razão do argumento que apresento. História é pro camarada que sempre gostou de ler, as chuteiras prontas para o prego, mas, que, por vaidade, de que, de resto, por mais humor que a passagem do tempo forneça, ainda está lá, sob controle, mas a reclamar satisfação, ainda que mínima. Então, o camarada faz vestibular pra UERJ, pra alegria da filha que, embora queira ser engenheira de petróleo, anuncia com orgulho que tem um pai historiador. Esquece-se, porém, de que o diabetes mal cuidado impede não apenas aquela pelada das noites de terça, mas também põe em risco o futuro orgulho filial.


Mas, nem o Flamengo, que já lhe deu Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico - ou qualquer outra coisa escrita por Drummond, permanece incólume diante de um Val Baiano e um Borja, que nem sequer sabe correr.


E o camarada, que foi fazer história porque queria orientar melhor as leituras, satisfazer a vaidade e, sem chance de ser professor - coisa que nunca sequer ocorreu-lhe - ainda viu com esperança diminuir a própria ignorância, saber que o futebol também era objeto de estudo.

Mas, esta postagem não se resumiria a estes parágrafos, que são uma introdução.

Alzheimer.

SRN

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