sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Entre Quatro Linhas

Por Sebastião

Entre quatro paredes mexe com a imaginação e a libido de muita gente. Quem nunca pensou “ah, eu com essa mulher entre quatro paredes”. Quem nunca pensou “eu com a bola dentro dessas quatro linhas”. Todo mundo quer dar espetáculo, seja entre quatro paredes ou entre quatro linhas. A diferença é que no primeiro caso muito provavelmente não vai ter ninguém para servir de platéia (depende da sua imaginação), já no segundo caso vai ter um publico de olhos vidrados em cada jogada. No primeiro caso você pode aumentar a importância do espetáculo, dizer até o que não fez. No segundo caso é normal atribuir uma certa importância aos seus lances, terá quem discorde e quem concorde, afinal tinha o publico, só não vai poder mentir.
Quem joga entre quatro paredes pode até dizer que colocou de quatro e meteu por entre as pernas. Nas quatro linhas tem que matar a cobra e mostrar o pau, não basta só botar entre as pernas, tem que ir atrás para completar. Optando por essa jogada, entre as quatro paredes, nem sempre vai ser possível meter entre as pernas na frente e depois ir atrás completar. A regra é mais ou menos clara, tem restrições nesse quesito. Mas quem sabe procurar nunca fica sem ninguém para praticar esse lance (em ambos os casos)
Uma unanimidade em ambas as performances: o esforço físico e o prazer moral (quando dá certo) e execração (quando dá errado). É engraçado, no cômodo das quatro paredes mesmo dando algo errado, e mesmo sem a platéia, parece que de uma forma ou de outra todos ficam sabendo que não teve show, só uma fagulha. Quem opta por correr paralelo entre as quatro linhas, às vezes dá um show, mas sempre tem um ingrato(a) para reclamar que não foi isso tudo. A desqualificação do trabalho alheio é a pior coisa que existe.
Mais uma unanimidade: quanto mais gols melhor. Rola ai um lance meio dialético – quanto mais espetáculo maior tem que ser o numero de gols. Não adianta fazer bonito e não marcar, tem que fazer. Será que é isso mesmo. Nas quatro linhas a quem defenda que nem sempre é bom jogar para galera, ou seja, fazer só arte, tem que ser prático, jogar, ganhar e marcar os 3 pontinhos da tabela. Quem se aventura entre as quatro paredes é inevitável, tem que jogar para galera, tem que fazer performance, agradar e marcar com maestria. Marcar qualquer um marca, sabe marcar, esse é o “xis” da questão. Esse papo de umazinha só, bem dada, nem sempre cola não. Se tem menos de 30, faça um favor a si mesmo, FAZ BONITO. Se tem mais de 40, faça um favor a si mesmo SUPREENDA. Viu, é caminha no fio da navalha entre satisfazer e deixar tudo meia boca.
Esta aí um lance importante: a boca e o que sai (ou o que entra), nela.  Nada de ganhar no grito, não importa se é entre as linhas brancas ou as paredes manchadas. É ter raça. Gritar só para comemorar. Ai meu irmão...feliz aquele que faz o grito ser ouvido entre além das quatro paredes. Nas quatro linhas a bola pode ser metida fora e depois recuperada. Entre as quatro paredes não tem como meter fora, tem que estar sempre dentro. Isso é o básico. Tirar só se for para colocar em outro. E outra coisa...se sair, quem repõem é você e sua dupla, esse papo de gandula jogar outra bola para dentro do seu jogo só se for em ocasiões muito especiais, de resto, evite.
A pequena área é o ponto G. Tem uns caras que são gênio nesse pedaço. Ali, não tem para ninguém. Para eles não tem mistério: é só empurrar. E pensando assim, dessa forma tão simples, levam a galera a loucura. E tem uns convencidos, se gabam de entender tudo das duas pequenas áreas. Dizem come-la. Vão se ferrar vocês.
Independente onde você joga, não esqueça de se proteger, ok? Não quero bancar o chato nem o moralista. Mas quem se protege, rende muito mais.

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