Apareceu ontem na Vila Cruzeiro uma perna mecânica. Correr fica difícil. Sei bem o que é isso. E é o que, capenga e já batendo na trave, me leva a preferir a revolução-processo. Não mói ninguém. Ou mói menos, a longo prazo.
Estratégia, tática, correlação de forças, correlação de classes: o vocabulário carioca enriquecido vem me obrigando a consulta a dicionários nesta última semana. Anoto, conforme instrução médica, pra não me esquecer. Copio com um olho no padre, outro na missa, um olho na janela, outro na bala.
O confuso Cabral, perdido em encômios de político de bica d'água, não contribui muito, mas Jobin, o próprio Beltrame (desculpem-me, mas, este me parece um sujeito confiável, não faz concessão ao estilo demagógico numa área tão sensível como a que atua), os demais chefes militares esclareceram os dois momentos da estratégia implementada.
No primeiro momento, há uma solicitação de apoio logístico (transporte e equipamentos). Num segundo momento, em virtude da estratégia, cumpria a utilização de forças (ação tática) que transcendia à capacidade do estado, limitado ao bope. Além deste, as que há disponíveis são justamente os fuzileiros e os para-quedistas (marinha e aeronáutica). Aqui já sobe o nível institucional, para o que o que Jobin qualificou de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), nível em que a utilização destas forças exige a autorização direta do presidente da república.
Fica claro, portanto, que a surpresa demonstrada pelo sistema de comunicação visa ao espetáculo. Sobretudo a que se verifica na divulgação dos ataques incendiários ( tática dos comandos). São ataques previsíveis, do mesmo modo como a fuga filmada ao vivo, desde anteontem veiculada com pirotecnia. Não faz parte da estratégia a caça, como se se perseguissem ratazanas. A aposta no objetivo, a conquista do território central, o complexo comunitário local - acredita-se - é suficiente para matar o varejo de inanição.
Agora o ponto que considero central e que não diz respeito à estratégia militar, embora deva ser abordada desse modo, conforme ensinava Lenin. Não deveria haver uma aç ão concertada envolvendo o Ministério Público, no levantamento minucioso e inteligente do patrimônio e dinheiro do tráfico?
O Ministério Público, sempre tão independente, não poderia atuar no desvelamento não daqueles pés-de-chinelo, alguns literalmente de chinelo, bermuda, mochilas e fuzil à costas, mas que frequentam alguns restaurantes da Rio Branco, andam de jatinho e carro blindado?
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