sábado, 17 de outubro de 2015

Lava jato, História do Tempo Presente, intelectuais paulistas e Samuel Wainer

A Professora e Historiadora, da UFRJ, Marieta de Moraes vale ser lida acerca de uma modalidade historiográfica controversa, denominada de História do Tempo Presente. Na França, de resto, já tem um tempo, desde o final dos anos 70, e é de lá, justamente, o historiador referido pela professora Marieta de Moraes, François Bédarida. Para o francês, seriam as seguintes as principais características da HITP:

“Testemunhos vivos”, os quais podem corrigir o pesquisador, ao mesmo tempo também implicar o uso político da memória do passado atendendo a necessidades do presente;

Marco temporal, dando início ao período objeto da análise;

Transitoriedade, pela reelaboração constante dos mesmos materiais e recortes;

Valorização do fato.

Na esteira da crise do paradigma marxista na história, na HITP também ocorre uma valorização do sujeito, o que a faz ser confundida com a tradicional História Política, de grandes vultos, feitos militares e diplomacia. A este respeito, aliás, desde a primeira bibliografia da UERJ, na qual estava lá: “18 Brumário de Luiz Bonaparte”, que sempre achei que a frase do Alemão já dizia tudo:

“O homem faz a História, mas a partir das condições herdadas”.

Ou seja, indivíduo e estrutura nunca se separam. Mais ou menos como no excelente filme de Clint Eastwood sobre Charlie Parker, “Bird”. Certa altura, numa das internações psiquiátricas para tratar do que era outra coisa (era adicção), o psiquiatra pergunta pra mulher de Parker:

“A senhora quer um músico ou um marido?”

“Eles não se separam.”

Assim como  lava Jatos não se separam da História Política do Brasil contemporâneo. Na melhor autobiografia que já li, “Minha razão de Viver” – Wainer conta sua trajetória pessoal, a fundação da Última Hora, sua relação com Getúlio, com Jango, os bastidores do poder, sem máscara nem panegírico - , a presença de empreiteiras nunca foi novidade no financiamento de campanhas políticas. Evidente que não vou concluir esta postagem, que já aporrinha pelo tamanho, que, já que se trata do sujo falando do mal lavado, é melhor seguir o conselho de um dos elaboradores do plano real, André Lara Resende: “esquecer tudo”, de fato,  não seria o marco temporal mais adequado pra essa HITP. Nem essa competição de fundo de poço entre PT e PSDB pra saber quem é a mais pura freira de puteiro.

Afinal, será que só resta à viúva Cunha, Levy ou Armínio? Ou o que é mais ridículo, como no manifesto dos intelectuais em São Paulo, um estupro análogo ao do golpe de 64?

SRN




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