sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Somos todos bolsonaro ou, então, covardes



Voltando agora há pouco de Ipanema, dentro do 433, ali na avenida Maracanã, pouco antes da praça Varnhagen. O sinal fechado, uma gritaria, um corre-corre:

“Pega! Pega!”

Dois moleques saíam correndo com um celular roubado do camarada que berrava. Passaram bem embaixo da janela do ônibus onde eu estava. Foi a senha:

“Tinha que encher de tiros esses pivetes!”

“Bolsonaro é que ta certo, matar todas essas porras, não sobra nenhum pra contar história.”

“Vê se na ditadura tinha isso!”

Caí na asneira de abrir a boca:

“Desse jeito, vamos viver num Estado policial.”

Não sei como não apanhei.

É evidente que o instinto de sobrevivência prevalece. O estado de necessidade é condição de existência, tanto que é garantido por lei. Numa situação limite, se possível, procuramos nos defender, mas, daí a pregar a barbárie, a vingança institucional, como um recurso do Estado, é o fascismo. 

Lamentavelmente, mais uma vez, ao fim da ditadura, em 85, perdemos uma chance histórica de nos revermos e ao nosso passado autoritário.

Bolsonaro somos todos nós.

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