Voltando agora
há pouco de Ipanema, dentro do 433, ali na avenida Maracanã, pouco antes da
praça Varnhagen. O sinal fechado, uma gritaria, um corre-corre:
“Pega!
Pega!”
Dois
moleques saíam correndo com um celular roubado do camarada que berrava.
Passaram bem embaixo da janela do ônibus onde eu estava. Foi a senha:
“Tinha que
encher de tiros esses pivetes!”
“Bolsonaro
é que ta certo, matar todas essas porras, não sobra nenhum pra contar
história.”
“Vê se na
ditadura tinha isso!”
Caí na
asneira de abrir a boca:
“Desse
jeito, vamos viver num Estado policial.”
Não sei
como não apanhei.
É evidente
que o instinto de sobrevivência prevalece. O estado de necessidade é condição
de existência, tanto que é garantido por lei. Numa situação limite, se
possível, procuramos nos defender, mas, daí a pregar a barbárie, a vingança
institucional, como um recurso do Estado, é o fascismo.
Lamentavelmente, mais uma vez, ao fim da ditadura, em 85, perdemos uma chance histórica de nos revermos e ao nosso passado autoritário.
Bolsonaro
somos todos nós.
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