O arrivista e
aventureiro Collor foi uma marca muito bem produzida para atender à demanda de
uma sociedade cansada de uma inflação de 80% ao mês e que identificava tudo
isso com o quadro político da época. Apesar de um “filhote da ditadura”, como
falava Brizola (que, pouco antes do impeachment, ainda tentou trazê-lo para o
campo popular, ao contrário de Dilma, que procurou a proteção do mercado), Collor
não tinha registro no espaço público, podia ser qualquer coisa e resolveu ser o
super-herói “caçador de marajás”, atendendo a uma demanda popular perfeitamente
racional. Ocorre que, uma vez no poder, não aceitou a submissão da Fiesp,
tentando operar por conta própria uma abertura econômica, posteriormente, sob
controle das mãos confiáveis de Fernando Henrique, cujo perfil era muito mais
adequado à parte que cabia ao Brasil no ajuste neoliberal estabelecido para a
América latina, através do Banco Mundial . Sem base política e arrogante, caiu,
numa manobra que contou com o apoio da mídia que havia justo colaborado para sua eleição.
Dentre tantos fatores que explicam o fato histórico, este certamente foi um dos
mais decisivos.
SRN
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