E o argumento prossegue
comparando com as torres gêmeas e o silêncio em relação ao horror que os EUA
fazem no Oriente Médio. Além da pauperização do argumento geopolítico, a
comparação é inadequada e cancela, mesmo, a boa intenção revolucionária. O papo
de botequim, quando vai pro facebook, deveria ser mais cuidadoso.
Propor que a zona zul
precisa passar pelo que passa a favela, numa simplificação do papel da
violência dirigida e localizada numa sociedade de classes, é estar disposto a um confronto armado que
exige a participação direta e não a arma do copo de chop do botequim. É
investir numa dinâmica que não exclui a reação que poderá vir e virá pesada,
com todo o poder de classe.
Prefiro um concerto de
forças políticas responsáveis que não deixe a Cidade entregue à pior solução
que é ficar entregue a si mesma e que se apresente pra enfrentar o problema em
suas dimensões fundamentais. Conjunturalmente, é identificar e conter as
milícias de classe média que não precisam de nenhuma outra secretaria, a não
ser a de segurança pública, e a dos adolescentes dos outros lugares da Cidade,
que também precisam ser contidos, mas também identificados para uma
investigação das secretarias de Assistência Social e Educação. Isso bate direto
em Política Pública, em mais Estado responsável, com burocracia cada vez melhor
de alto nível de qualificação. Também no que diz respeito às figuras públicas
não contamos mais com nomes que encarnavam suas ações e estavam á altura dos
desafios que enfrentaram. Lembro sempre de Ulisses Guimarães, figura mais do
que necessária hoje, um conservador, mas democrata que sabia apostar,
responsavelmente, na radicalização à
esquerda, quando sabia necessário à derrubada da ditadura.
Também é indispensável
cancelar uma política educacional produtivista em que as escolas são
“pontuadas” e ganham “prêmios”. Evidente a gentrificação conseqüente, com os
alunos que se constituam em problemas à ‘avaliação de desempenho” da escola
afastados para escolas reservadas para tal estigmatização.
São crianças que um dia irão invadir a sua praia.
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