terça-feira, 22 de setembro de 2015

“Deu mídia só porque é na zona sul”

E o argumento prossegue comparando com as torres gêmeas e o silêncio em relação ao horror que os EUA fazem no Oriente Médio. Além da pauperização do argumento geopolítico, a comparação é inadequada e cancela, mesmo, a boa intenção revolucionária. O papo de botequim, quando vai pro facebook, deveria ser mais cuidadoso.

Propor que a zona zul precisa passar pelo que passa a favela, numa simplificação do papel da violência dirigida e localizada numa sociedade de classes,  é estar disposto a um confronto armado que exige a participação direta e não a arma do copo de chop do botequim. É investir numa dinâmica que não exclui a reação que poderá vir e virá pesada, com todo o poder de classe.

Prefiro um concerto de forças políticas responsáveis que não deixe a Cidade entregue à pior solução que é ficar entregue a si mesma e que se apresente pra enfrentar o problema em suas dimensões fundamentais. Conjunturalmente, é identificar e conter as milícias de classe média que não precisam de nenhuma outra secretaria, a não ser a de segurança pública, e a dos adolescentes dos outros lugares da Cidade, que também precisam ser contidos, mas também identificados para uma investigação das secretarias de Assistência Social e Educação. Isso bate direto em Política Pública, em mais Estado responsável, com burocracia cada vez melhor de alto nível de qualificação. Também no que diz respeito às figuras públicas não contamos mais com nomes que encarnavam suas ações e estavam á altura dos desafios que enfrentaram. Lembro sempre de Ulisses Guimarães, figura mais do que necessária hoje, um conservador, mas democrata que sabia apostar, responsavelmente,  na radicalização à esquerda, quando sabia necessário à derrubada da ditadura.

Também é indispensável cancelar uma política educacional produtivista em que as escolas são “pontuadas” e ganham “prêmios”. Evidente a gentrificação conseqüente, com os alunos que se constituam em problemas à ‘avaliação de desempenho” da escola afastados para escolas reservadas para tal estigmatização.

São  crianças que um dia irão invadir a sua praia.



Nenhum comentário:

Postar um comentário