Basta ler o que ele diz
e escreve e comparar com as fontes adequadas pra ver como a representação
elaborada do intelectual é um signo sem muita consistência. Tenho muito
material sobre a época da teoria da dependência, do contexto em que ela foi escrita,
os anos 60, a crise do desenvolvimentismo cepalino, o golpe, a ditadura. O próprio clássico "Dependência e Desenvolvimento na
América Latina" foi escrito em
conjunto com o economista chileno Enzo Falleto, que já fazia esse tipo de
pesquisa quando FHC chegou ao Chile. Não duvido de que as ideias principais
tenham vindo de Faletto. Aliás, Fernando Henrique, na presidência, é uma
extensão desse livro. Não via nenhum problema num desenvolvimento dependente,
subordinado, através da internacionalização do mercado interno. Ao contrário. A
dependência era condição do desenvolvimento do nosso capitalismo de segunda.
No livro que comprei na
Bienal por 5 reais, “O Mundo em Português”, um diálogo com Mário Soares,
Fernando Henrique fala da “política industrial” do seu governo e nele se vê,
comprovadamente, o ajuste neoliberal para a América Latina proposto pelo Banco
Mundial. Como um arauto da modernidade tardia, usa o BNDES , através de taxas
de juros equivalentes às taxas internacionais,
para que o capital estrangeiro possa comprar o que for aqui dentro e
ainda dá como exemplo o sucesso da Embraer, privatizada neste esquema e virando
propriedade do consórcio Banco Bozzano-Simonsen, “ganhando dos canadenses em
competição com um avião canadense fabricado pela Bombardier” (p.29).
Desse jeito, Fernando
Henrique segue retoricamente, omitindo o que pode prejudicar a “originalidade” do seu argumento proveniente
do programa do Banco Mundial e
“revelando’ o que se esconde e que só ele, o gênio da lâmpada, enxerga a
serviço do desenvolvimento nacional.
Fraude pura.
SRN
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