quinta-feira, 27 de setembro de 2012

História do Tempo Presente

Por Tadeu dos Santos


Perceber a história, ou seja, os seus desdobramentos no momento em que os fatos ainda estão a desenrolar-se é coisa pra poucos. Churchill, por exemplo, era um desses raros analistas que conjugavam presente/futuro. Não titubeou diante da Alemanha e já ao final da Segunda Grande Guerra cunhou a expressão Cortina de Ferro, um achado e tanto. Aliás, convenhamos que a tal cortina prossegue fechada. Quando escreveremos uma história que descreva, ao menos, os contornos dos expurgos stalinistas? Ainda que seja, como se faz amiúde com o holocausto, num esforço de preservação da memória. 

Espero estar redondamente enganado, mas creio que estamos num daqueles momentos em que fatos presentes delineiam a cara que este país terá por um bom tempo. 

O que os Ministros Lewandovsky e Toffoli fazem diariamente diante do país inteiro é algo aterrorizante. Lançar uma beca ao corpo e defender a corrupção diante de toda a nação não é algo que passe sem deixar marcas que de tão profundas podem comprometer qualquer projeto que pretenda nos alçar à condição de país próspero e mais do que isso, sério.

Governar sem oposição à custa do erário público e reduzir magistrado da mais alta côrte do país à condição de meros áulicos a serviço do poder é retirar os derradeiros antolhos que nos impedia de ver o quanto é grande o aparato autoritário de nosso estado. 

Ao que tudo indica o Supremo manter-se-á fiel à sua tradição de não condenar políticos. Desta vez, contudo, não haverá retorno e o  vale-tudo terá livre a pista para seguir adiante. 

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