sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Liminhas Pra Geraldo


Por Tadeu dos santos, graduado em Ciências Sociais e Direito pela UERJ



Em meio ao panteão rubro-negro Geraldo é a entidade que se faz depositária dos meus préstimos. Era o representante mor do futebol-galhofa, do toque entremeado pelo sorriso no canto da boca. Mas como já disse o Máximo, o mineiro assoviador era eventualmente vaiado pelo pessoal das tribunas eis que tinha a entranhada mania de vez por outra alhear-se do jogo. Ia ter a outros sítios, mirava paisagens outras, quiçá ouvia estrelas.

Ainda que mantenha íntegra a admiração que sentia e sentirei sempre pelo camisa 8 da Gávea, reconheço que seu estilo não define a mística que anima a nação rubro-negra.

Ganhar e perder, sabemos todos, faz parte do jogo. Mas aqueles que compreendem os sentidos últimos insertos no fato de que não usamos camisas de futebol, mas sim, um manto que celebra o amor que, em derradeira análise, faz com que as as palavras sejam insuficientes para a devida e completa definição do sentimento (Lacan).

E assim é que na vitória ou na derrota somos altivos. Somos raçudos.

E é longa a tradição. Ela passa por Almir, vai ter a Rondinelli e se faz a mais completa tradução em Liminha. Ontem fomos todos Liminhas. E fez-se a comunhão e o grito que ecoava pela arquibancada exercia seu poder multiplicador e uma miríade de Liminhas se espalhava por todo o campo.

Atendemos ao chamado e vez mais mostramos porque somos a maior e a mais bonita torcida do mundo.

Sinto uma ligeira pressão sob os meus pés e a uma certa distância vejo aproximar-se uma pequena manada. São bambis. O passo miúdo e o tímido trotar levanta uma poeira cor-de-rosa que paira sobre suas cabeças e acompanha o diminuto rebanho. Trazem no cenho a preocupação e já ao longe vislumbro ligeiros tremores no queixo. Sentem medo.

Que venha a bambizada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário