Por Tadeu dos Santos, graduado em Ciências Sociais e Direito pela UERJ
Crer que meios possuam o condão de justificar os fins é poder tranquilamente escolher dentre os inúmeros regimes autoritários que por aí vicejaram quais são os aceitáveis, os mais ou menos, e os inteiramente injustificáveis, ou seja, aqueles em que os ditadores são chamados de torturadores, covardes, vis etc. O cara que extrai unhas a sangue frio e lança corpos ao pau-de-arara em nome do capital não é diferente do cara que extrai unhas e lança corpos ao pau-de-arara em nome do proletariado.
Sou, pois, o noviço do Cachambi e pretendo prosseguir com a convicção de que se algum sangue há de rolar que seja o meu antes dos demais. Pode parecer romantismo babaca mas é exatamente assim que penso.
No mais, o legado de Lula prossegue incólume. Discordo apenas na afirmação de que é de Lula o legado. Quem disse que a boca é tua? Distribuição de renda e sistema de cotas aconteceriam com ou sem Lula. Substituição de importações e princípio de industrialização viriam com ou sem Vargas (e teria sido melhor sem ele-sobretudo para o trabalhador).
Achar, por outro lado, que o mensalão é ficção e que Lula não sabia de nada é render loas a uma inocência que meu espírito (se é que isso existe) jamais abrigou.
E não esqueça: o legado de Lula não se resume apenas a distribuição de renda e sistema de cotas (já existente, aliás, ao tempo de FHC). Ele criou a contribuição previdenciária pra funcionário público aposentado (só cito esta pra não ficar me estendendo demasiadamente).
Meu amigo: só imaginamos que os fins justificam os meios quando julgamos que o tiro vai ser dado na cara do outro. Nunca na nossa.
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