sábado, 27 de outubro de 2012

"Só Por Hoje"

Por Máximo

"Só por hoje" é um lema que todo adicto conhece, na limpidez cristalina em que não há brilho nem se dá um teco, tampouco o primeiro gole. Só por hoje, porque a clareza também se faz necessária ante a gordura espessa da irresponsabilidade de quem fala sobre o que não conhece. É muito simpático falar de liberdade e acusar o prefeito, que pode ser alvo de tudo, menos de tentar salvar uma craqueira (desculpem-me, mas sem chance pra eufemismos corretos). Droga (álcool também é, embora não pareça) quando entra na pista não se sabe qual o limite. Para alguns, o valor atingido pode parecer irrelevante para outros. E aí a busca da ajuda, "não dá mais", muitas vezes só restando a mãe (como escreveu Marcelo Rubens Paiva para outro contexto: "mãe é a única instituição que não faliu, ainda"). Craqueiros parecem atravessar uma fronteira para além do humano. Perderam o referencial, até a capacidade de se sentir atingidos. Trata-se de um problema de saúde pública, coletiva, e como tal não pode ficar mais circunscrito ao âmbito do privado. Surpreende marxistas (será que são ou leram apenas orelhas de livro?) se utilizaram do "privado" justo nesta questão. 

SRN


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