quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Sai Batido!


Pra fechar este ano desgraçado, "Samba do Avião", da minha Cidade, tão cantada, fritando no inferno de todas as iniquidades nacionais, mas também na beleza e no jeito que é preciso experimentar pra saber, gostar, grudar, nunca mais largar. 

O Rio, me desculpem meus amigos dos outros lugares, é o MELHOR LUGAR DO BRASIL. Aliás, daqui quando se sai só pode ser pra voltar. E pra Vila, de Noel, Nássara e da favela do Macaco (se tiver disposição, andando mais um pouco, atrás da UERJ, em frente ao maracanã - em letra minúscula, virou "soçaite", não é o Maracanã que conheci , na arquibancada do lado esquerdo da tribuna de Honra, andando mais um pouco tem a Mangueira).

SRN 2016

https://youtu.be/_fCa2YLlk58


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Geraldo "Assobiador": a biografia que falta

Entre as biografias, sempre muito vendidas no fim de ano, falta uma:  a de Geraldo "Assobiador", meio-campo habilidoso do Flamengo, que surge com Zico, chega à seleção brasileira dirigida por Oswaldo Brandão, em 1975, e morre de operação de amígdalas no ano seguinte, em 1976. Um personagem cujas contradições ajudariam a compreender um futebol de transição à pasteurização atual. Não só andava sobre a bola, na jogada famosa que Zidane imortalizaria, mas também pela sua morte, aos 22 anos, por todas as possibilidades ou, talvez, pelas que não se ensejariam, no confronto com sua concretude histórica, como se os personagens não pudessem ser diferentes do que foram, benzidos pelo destino e condenados ao heroísmo.

Abordar Geraldo, como tema de uma biografia, já é uma escolha crítica. Impossível a ausência de paradoxos na trajetória deste mineiro que tinha até nome de personagem: Geraldo Cleofas. A um só tempo artista e desperdício, quando irritava a torcida com dribles e jogadas sem nenhum outro propósito senão o de simplesmente brincar em campo, como se estivesse numa pelada. Nessa hora éramos unânimes, no lado esquerdo da tribuna de honra: pedíamos em uníssono: Tadeu! Tadeu! -  meio-campo correto, vindo do América, que ainda existia e era um clube relevante a um ponto, até o ponto de ser considerado um dos “cinco grandes” do futebol carioca.

Geraldo também era completamente displicente em relação ao tipo de profissionalismo do futebol brasileiro. Falta a biografia nas livrarias.  Falta Geraldo em campo.


SRN


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Doutor Sócrates: a incoerência coerente.



Quando veio pro Flamengo, no meio da década de 80, já não era mais o "Doutor Sócrates", do passe perfeito, o calcanhar único de ante-visão. Queria viver o Rio e virar o carioca em que todos se transformam venham de onde for. Merecia o Rio, assim como o Brasil mereceu a "Democracia Corinthiana” que ajudou a implantar num dos ambientes mais reacionários e obscurantistas que é o mundo da bola. Uma experiência simbólica, em que não havia distinção de "classe", presidente, diretor, jogadores, roupeiros, todos, enfim,  tinham um único e igual voto pra decidir a vida do Corínthians (pra desgosto do goleiro Leão, como era típico), num momento de transição política que nos daria o maior movimento de massas da história do país: as 'Diretas Já", em 84, que se frustraria, num Congresso que se sabia viciado pela ditadura rumo a um colégio eleitoral para a "Nova República" (a sorte de Tancredo foi ter morrido e assim poder entrar pra história). 

Talentoso também com as palavras, escrevia bem expondo-se com todas as suas contradições, que, ao contrário das dos oportunistas, era o próprio fígado. Pois as contradições dos oportunistas não têm risco e logo resolvidas com a oferta disponível, ao passo que contraditórios como Sócrates são daqueles que, mudando a realidade, mudam o discurso, aparentando apenas incoerência. Não à toa que o mesquinho prega a coerência a todo custo. Reparem.


SRN 

Warhol,baixinho, baixinho...


Foi um monstro (embora não tenha sido melhor do que o Reinaldo. O que vi, espremido entre os degraus de cimento do lado esquerdo da tribuna de honra na final de 80, pondo em risco o nosso título, não fosse o Nunes no finalzinho, foi o seguinte, e o cara já estava com os joelhos todos estourados desde os 16 anos). Mas, jamais mereceu, como andei vendo, fazer parte da Seleção Rubro-Negra de todos os tempos. Ali é o lugar do Nunes, por 80, por Tóquio, por 82, lá no sul. O Adriano, em 2009, também foi muito melhor. Hoje, o senador fariseu vem aos poucos dando adeus aos seus 15 minutos de fama política.


SRN


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A Cristaleira do Murici



Tenho um velho amigo gago. Dessas figuras folclóricas, popular, prestativo, da rua, quarteirão, ao bairro. Conta esse meu amigo que, ruim agora, sua gagueira era bem pior quando moleque, pelo que entendi, pois nessas horas é mais fácil pra ele representar: pega minha caneta nanquim, coloca no canto da boca, torce o nariz, pega um copo, enche d'água. Olha prum lado, pro outro, cambaleia até à cozinha,  derrama  na pia um pouco da água e volta, sempre trocando as pernas, sacudindo o corpo:

"Eeeeenn...enteeen...deu, Mámámá...Máxi...?"

Entendi, o cara era um Pai de Santo, de confiança da Mãe desse meu amigo. . Ainda meio sonolento, o barulho na sala chegando até o quarto, mas já estava acostumado e sabia que naquele dia o pessoal da Fábrica Confiança, onde sua mãe trabalhava, vinha pro descarrego. Então, a baforada do charuto fora suficiente. O Caboclo, devidamente arriado, suponho (nessa parte, meu amigo dobra-se todo, ainda mais ininteligível) abre o porta do quarto, seguido pela sua mãe, e aproxima-se da cama. Faz o "pela cruz", bafora ali, bafora aqui:

"Tá carregado esse meu filho."

Essa parte é mais uma recriação, pois eu não entendia nada do que o meu amigo falava.

"Fiquei bom, nanana... hoora, Máma...ximo."

Aí tentou repetir o que começara a falar. Nisso,  bateu  4 da manhã. Tentando encurtar a conversa:

"Maravilha, meu irmão, fica pra próxima."

"Tu naaauuumm qué sasaa...ber o resto?"

O Pai de Santo também se chamava Murici e prestava serviços pra todo mundo naquela época, na fábrica. Até na sala do pai do Braguinha, que fora diretor da Fábrica Confiança, o Murici entrava e, assim como quem não quer nada, abria a sua marafa e dava sua baforada. Não cobrava nada, mas não fazia muita diferença. Murici era glutão e a garantia do "trabalho" era dada mediante o "caboclo comer e beber do bom e do melhor". Em Vila Isabel, muito português, dono de açougue, fechava a semana graças à voracidade do caboclo do Murici. Naquele dia, entretanto, Murici excedeu-se. Convenhamos que só quem conhece a gagueira desse meu amigo avalie do trabalho do caboclo: Murici, após meu amigo emitir impecável, "três tigres tristes", sacudiu o corpo de uma tal maneira que a força que o caboclo fez pra subir acabou jogando-o pela janela, vindo a cair em cima dos vasos de antúrio e "comigo ninguém pode" que a Mãe desse meu amigo cultivava na porta de casa. Murici comeu e bebeu, novamente bebeu e comeu e, antes de sair, resolveu evocar o caboclo, pois a Mãe desse meu amigo caprichara e Murici, pelo jeito, queria deixar tudo certo pra poder voltar:

"Madame, mi si fio, só pra fechar..."

E saiu pela casa, baforando. Caboclo inglês, meticuloso, resolveu passar em baixo de uma cristaleira que ficava a um canto da sala.

"Só pra confirmar..."

Murici acabou entalado e tiveram que chamar o bombeiro. Gosto muito desse meu amigo, mas já estava muito tarde. Não soube se o caboclo chegou a ser resgatado junto com o Murici.

SRN

domingo, 13 de dezembro de 2015

Dia terrífico em que não há coincidências


Não há coincidência na marcação de atos no dia hoje. É ineficaz, além de não contribuir pro trabalho crítico que se faz necessário da nossa memória política recente, chamar de imbecis os organizadores e os manifestantes. Eis o resultado de mais um pacto de conciliação (dentre tantos), que caracteriza a nossa história. Tivesse a "Nova República", em 85, feito o trabalho de memória necessário não haveria tanta gente saindo tardiamente do armário da direita, numa prova da ditadura empresarial-militar como um produto social, com apoio relevante, e não o deslocamento de sentido conveniente, a fim de evitar apurações incômodas de cumplicidade e conivência, de que a sociedade brasileira havia sido exclusivamente vítima, resistente.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A ideia, boa, mas o problema são “a espuma” e o Brahma da tucanalha

Uma longa reportagem sobre a história fiscal do primeiro mandato do governo Dilma, na perspectiva de um jornal voltado pro mercado. Fácil a compreensão para o ex-secretário do Tesouro, Arno Augustin, aparecer como vilão. As chamadas “pedaladas” – empréstimos dos bancos públicos ao Tesouro contrariando a Lei de Responsabilidade Fiscal (cuja crítica, aliás, merece ser feita, mas isso é outro papo) – são expostas como revelações da atitude de Satanás. Na reportagem, a fonte é um relatório interno dos técnicos do Tesouro, críticos explícitos dos métodos do secretário. 
Arno Augustin tem boas ideias. Ou não são corretas a intervenção do Estado na economia, a desconfiança de um mercado financeiro desfuncional, especulativo, e a certeza de que as agências de risco são “usadas pelos países ricos para impedir políticas de desenvolvimento dos países pobres”? Então, qual o problema?
A “espuma” a que se referira Brizola. A ideia é boa, mas a execução ruim, atabalhoada, errática. Pra que jogar fora 70 bilhões em impostos desonerando folhas de pagamento de construtoras e empresas do comércio varejista, sob a ilusão de estimular o crescimento? Como apoiar-se numa burguesia supostamente “produtivista” contra outra, deletéria, “rentista”?
É a espuma a que Brizola se referia como típica da inexperiência. E como explicar, depois disso tudo, senão pela esquizofrenia, buscar Levy, o principal executivo do Bradesco e desproteger os trabalhadores facilitando ainda mais a acumulação, na versão atualizada do “crescimento primeiro do bolo” pelo ajuste e austeridade?
E as “pedaladas” de Fernando Henrique, também presentes no relatório, relativas a uma operação que precisa ser bem explicada envolvendo a compra de mais de 600 milhões de créditos da extinta Rede Ferroviária Federal e a absorção das suas dívidas junto ao INSS e Refer? Será que o governo Fernando Henrique não comprou o crédito da RFFSA justo pra aliviar a situação das empresas privadas devedoras? Quem são essas empresas? Que tipo de relações mantinham com o governo de Fernando Henrique?
E é este tipo que aparece como um Brahma, sentado no poleiro-mor, com a tucanalha à volta, ontem, em Brasília, pedindo “moralidade” política.
SRN
Documentos inéditos obtidos pelo Valor revelam os bastidores de tensas reuniões de governo em torno da política fiscal no primeiro mandato de Dilma
VALOR.COM.BR

A Fernando & Armínio ameaça rebaixar o grau de investimento do Brasil

A prezada Ruth Peixoto de Castro conta que viu ontem a entrevista de Armínio Fraga e lembrou do CNPJ com que eu pude verificar estar registrada, no Brasil, a agência de risco internacional Fernando & Armínio.  Tenho guardado, aliás, o artigo que o Armínio Fraga publicou no Estadão há alguns meses. Nele, no parágrafo final, estão sistematizadas as medidas centrais do programa da volta do PSDB, via Temer, ao poder. A principal delas é a de que o contrato social da Constituição de 88 não cabe no PIB futuro, havendo, portanto, a necessidade imediata de acabar com quaisquer vinculações obrigatórias pra educação e saúde, bem como a imposição do Mercado Absoluto. Armínio nem sequer fica com vergonha ao escrever que, pra isso, deve ser incluído, na Constituição, um dispositivo pelo qual, pra entrar em qualquer atividade na sociedade, o Estado precisa se justificar por escrito. É ridículo, mas está escrito. A disputa pra ver quem gerencia melhor a adaptação do Brasil ao novo padrão de acumulação é ferrenha. Por isso, menos pior é a inépcia da Dilma.


SRN


É?



Nos anos 90, o liberalismo, cadáver enterrado desde os anos 30, é exumado e volta a ser a solução. Por isso, recidiva liberal ou neoliberalismo. O comunismo já não era mais adversário. Importava, então, retirar o estorvo do Estado do Bem-Estar e a pá de cal nos modelos de substituição de importações que haviam caracterizado o intervencionismo estatal na América latina (“meu governo será o enterro da Era Vargas” / Fernando Henrique), com gradações e aparências variáveis no tempo, responsável, segundo o Novo Consenso, pela alocação ineficaz dos recursos, muito melhor aplicados via mercado (embora, pra isso, fosse preciso um Estado forte pra garantir a própria redução ao recomendado, no caso da versão Fernando & Armínio, as agências reguladoras.. A propósito, não há capitalismo sem Estado cuidando do mercado).

O problema brasileiro, portanto, era interno, pouco importando o novo contexto internacional, a reorganização do padrão de financiamento das economias periféricas, baseada na finança globalizada, através de novos mecanismos, como fundos de pensão, fundos mútuos, companhias de seguro, mercado primário de títulos por meio de emissão de bônus por multinacionais, volatilidade cambial etc. Reorganizava-se o regime de acumulação.

Essas coisas o sociólogo, que costuma fazer graça a respeito do presidente Fernando Henrique, não explica. Minha fonte é o livro do economista da Unicamp, Jaime Cesar Coelho, “Economia, poder e influência externa, o Banco Mundial e os anos de ajuste na América latina”.

SRN

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Anos 90 na esquina



Nos anos 90, a política estadunidense pra América Latina substituía, definitivamente,  a segurança das ditaduras que sustentara nas décadas anteriores, para o apoio a democracias representativas de mercado livre. E o “Consenso de Washington”, o Plano Brady eram o manual, em que se acertavam as pendências das dívidas desses países e onde se liam e aplicavam novas palavras e métodos, como desregulamentação, privatização e abertura econômica. O cinismo era tal que Mário Vargas Llosa, escritor peruano e candidato à presidência do seu país, chegou a escrever que Porto Rico, Estado tomado pelos EUA, deveria servir de modelo a todos os países da América Latina.

Os anos 90 foram logo ali, tão perto, que a agência de risco internacional, Fernando & Armínio retorna dizendo, com todas as letras, a respeito da Constituição de 88:

“O contrato social não cabe no PIB do futuro.”


SRN

O Rio na sucata de Levy


Pezão, em entrevista agora há pouco no RJ TV, falando do acordo que tentou fazer com o governo federal acerca da rolagem da dívida do estado de cerca de 8 bilhões. Pezão tenta uma diminuição deste valor pra ver se fica alguma coisa que possa diminuir a dramaticidade da nossa situação de precarização dos serviços públicos essenciais.Independente das prioridades que escolhe, no limite de sua esfera de competência, o fato é que há a política econômica a que tudo submete e constrange. A austeridade do ajuste, que Levy quer aproveitar a chantagem do impeachment pra completar, é a grande responsável, a premissa maior que explica a UERJ sucateada, o Pedro Ernesto na UTI etc.

Ser contra o impeachment não pode significar incondicionalidade a um governo que segue uma receita neoliberal desse tipo.


SRN


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

E o Fernando?


Sou contra o impeachment, mas não por quaisquer dos motivos alegados e notícias divulgadas. Afinal, a democracia representativa, sob a ordem neoliberal em que vivemos, é responsável pela produção de meio milhão de votos pra tipos como bolsonaro, outros tantos pra cunhas, bois, balas e bíblias. É porque exigirá ainda mais desgaste o combate ao retorno de Fernando Henrique e Armínio Fraga via Bento Carneiro (a menos que o vampiro matreiro...), com a investida pesada, apoiados pelos empresários da imprensa, contra a proteção social da Constituição de 88, através do argumento de que "o contrato social não cabe no PIB". 

E o engodo Fernando Henrique sumiu, ele que, um dia sim, o outro também, vinha badalando na imprensa e na televisão o seu diário do entreguismo.

Outro livro cheio de tautologia ou o manual de instruções pro Bento Carneiro? 

SRN

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

272 x 199

A oposição terá maioria na comissão de impeachment. Foi o resultado de xingamento, empurra-empurra, quebra de equipamentos eletrônicos. Voltei a dar uma olhada no e-mail sobre a diferença entre democracia direta e democracia representativa (liberalismo) – “a democracia liberal moderna delega a deliberação a seus representantes. O argumento liberal é que a mediação diminui a propensão à demagogia da democracia direta antiga” - que me mandou o meu amigo historiador, Ocimar, que estudou numa faculdade que faliu e que hoje passeia cachorro de pet shop. 

É o tal negócio: de onde vieram o meio milhão de votos do Bolsonaro? E da bancada do BBB (boi, bala e bíblia)? E do notório Cunha, até outro dia uma figura pejorativa, com saudade da Carlota Joaquina?

A propósito, também sou contra o impeachment, pois a volta de Fernando Henrique e Armínio Fraga exigiria uma mobilização muito grande, sobretudo, por ter o lulopetismo fornecido à dominação o argumento moral que faltava à desqualificação de qualquer projeto de avanço social, ainda que reformista. E concordo plenamente com que este governo não é vítima de coisa nenhuma, tampouco teria sido massacrado como uma resposta da direita aos avanços sociais de um governo de esquerda. São inúmeros os exemplos dessa falácia e não cabe listá-los. Mas, se sou contra o impeachment, não vou lamentar a queda dele, tampouco aderir incondicionalmente à propaganda "Dilma ou golpe", pois, de resto, é o que quer o Levy, conforme entrevista ao Valor Econômico, a fim de obter as condições para o ajuste de mercado.


SRN


“Nova Classe Média? Tá de sacanagem, Máximo...”



Mandei um novo e-mail pro meu amigo Ocimar, que fez história numa universidade que faliu, quando ainda não havia o FIES e que ganha a vida passeando cachorro pruma pet shop. A questão era a relação entre um país de nova classe média e o impeachment. Não deve ser mole ter de aturar as frescuras de clientes de pet shop pela velocidade com que me respondeu, certamente, precisando conversar:

“Nova Classe Média? Tá de sacanagem, Máximo.., o problema da agência é a prática política de interesses difusos, sem determinação. Isso é ainda mais diante do argumento do fim do sujeito de classe que aparenta a precarização do mundo do trabalho. Aqui, mais do que nunca, a importância do trabalho do historiador, capaz de corrigir ensaios generalizantes. A especificidade da organização social brasileira desconhece a universalização do estatuto de classe média. Apenas em tal situação (“Por representar a pequena burguesia, uma classe de transição, na qual os interesses de duas classes se embotam de uma só vez, o democrata tem a presunção de se encontrar acima de toda e qualquer contradição de classe” (Marx, “18 Brumário”) é que se poderia admitir a gestão do sistema. Mas, o que temos não passou nem pelas Reformas de Base de mais de meio século.”


SRN, Ocimar

Bento Carneiro



Era óbvio: Bento Carneiro, no dia 17 de novembro (mas, sempre cabe perguntar: quem alimentou e abrigou o vampiro matreiro em nome de um"pacto de governabilidade"?)

Congresso do PMDB sendo realizado hoje, fomentado por Temer, pra discutir as sugestões de um programa de governo, preparadas pela Fundação Ulisses Guimarães, vinculada ao partido e presidida por Moreira Franco (sic). Ao vice, que não é de São Cristóvão, mas paulista, interessa manter elevada a temperatura do óleo da frigideira da presidente, pela tensão, dentro do PMDB, entre os que querem e os que não querem o impeachment. Essa convenção faz parte da culinária da caverna. Ausência completa de deliberação, prerrogativa da Convenção Nacional do partido, a ser realizada apenas em março do ano que vem. Até lá, o vice não quer nenhuma definição. Nem subir pra série A.

SRN


P.S. Oportunista, viu que não precisava esperar tanto.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O engodo da carta branca de Levy

Não está cada vez mais evidente de que o que este governo quer, sob a capa "Dilma ou golpe", é carta branca pras reformas que aprofundam o ajuste ao mercado, exatamente igual à estratégia silenciosa em torno do vampiro matreiro que organiza a agência de risco internacional Fernando & Armínio? Dilma, Temer, Fernando & Armínio têm de ser criticados à exaustão, sob pena de embarcarmos em novo engodo.
SRN

Para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, saída da crise passa por criar um novo ambiente econômico no país
VALOR.COM.BR

sábado, 5 de dezembro de 2015

História Comparada



Comparar tempos distintos é sempre difícil. Problemas, Personagens, interesses completamente diferentes. O único elemento de continuidade é a democracia representativa, e nela, o rito constitucional do impeachment estabelecido pela Constituição de 88, dependente do jogo de correlação de forças.

Collor não tinha partido nem força no Congresso, muito menos nas ruas. Escorregou e caiu na tinta usada por caras pintadas. Dilma tem uma base parlamentar esbagaçada, o apoio do PT igualmente desconfiado, com uma Presidente nunca bem assimilada, e, se tentar a estupidez de mobilizar as ruas, é a pá de cal. Não é pra parar pra pensar ter chegado a este ponto, em tais condições em um governo supostamente progressista e voltado pra classe trabalhadora?

Enquanto isso, Temer, vampiro matreiro...

SRN

Mestre Floriano fulmina meus argumentos



Mestre Floriano deveria escrever mais. E, se combinasse com o retorno ao desenho, seria muito útil no estado atual da arte do cartum de decoração. Fulmina ponto por ponto meus argumentos. Torço pra estar falando bobagem e que ele acerte na ideia de que, em um eventual impeachment, que, de resto,considera um golpe, negando radicalmente validade ao que eu disse, o PMDB representa a volta da Casagrande, que antes o PT que o PSDB governando e que, uma vez superado tal estorvo, Dilma se volte à esquerda; além de apontar sua desconfiança quanto à participação dos EUA na desestabilização do governo.

Repito: torço, francamente, pra que o Mestre esteja certo e eu completamente errado. Apenas - reitero - não vejo o governo Dilma como um inimigo de classe do capital, tampouco dos EUA. Não vejo nele nenhuma semelhança com o contexto distinto de Jango, em que as Reformas de Base, a estatização da infra-estrutura e a Lei de remessa de Lucros, em pleno auge da Guerra Fria, a Revolução Cubana então recente aterrorizando os norte-americanos temendo que, pelas nossas dimensões, nos transformássemos, não numa nova Cuba, mas numa China Sul-Americana, por tudo isso, enfim, não vejo nada que possa interessar aos EUA, nos moldes do IPES/IBAD,  a derrubada da Dilma. Evidente que a agência de risco internacional Fernando & Armínio é muito mais palatável. Mas, será que não está na hora histórica de explicitarmos nossas contradições, definindo quem é quem, quais os tipos de forças, ao invés dessa pasteurização sempre utilizada, sob o argumento de que, se não cedermos tudo, "virá o golpe"? A quem interessa, de fato, tal chantagem permanente?

SRN

O mítico desenhista da renovação do Judoka da Ebal e o impeachment



Moleque, bem moleque, via o traço elegante de Mestre Floriano Hermeto Fhaf no Judoka. Bem mais tarde, soube que imprimira um estilo e uma renovação do personagem publicado pela Ebal, cujo prédio ficava em São Cristóvão. É, portanto, com um profundo respeito que o tenho como "amigo” no facebook. Mais ainda quando o vejo curtindo minhas garatujas desenhadas às pressas. 

Mestre Floriano também tem a mesma elegância firme com que desenhava no trato da política. Acabou de comentar em minha postagem que “ruim com a Dilma, pior sem ela”. Eu já pensei desse jeito, Mestre.. Mas, francamente, não vejo muita diferença. Com Dilma superando o impeachment, sua posição ficará reforçada, e Levy permanecerá no cargo afirmando uma política econômica neoliberal, cujos resultados começarão, de resto, a bater firme no ano que vem, com mais desemprego e aprofundamento na desregulação e precarização do mercado de trabalho. Com Temer, o Novo Itamar, o governo talvez caia no colo de Fernando Henrique e Armínio Fraga, mas , pode ser que o vampiro matreiro não queira se resumir à Rainha da Inglaterra que foi Itamar nas mãos de Fernando Henrique. E mais, quanto à identificação do processo de impeachment como golpe, discordo também muito fraternalmente. Independente do papel higiênico usado Cunha, trata-se de um jogo de correlação de forças perfeitamente admissível pela Constituição. Haverá um rito. Não haverá ruptura institucional. E, os que se preocupam apenas com a legalidade da democracia representativa,  impeachment é um recurso constitucional perfeitamente legítimo. 

Desculpe-me por discordar, mas trata-se de uma discordância fraterna, nos termos do velho Che, sem perder a ternura,  do seu admirador, admirador do mítico autor do Judoka da Ebal.

SRN

Conjuntura de Botequim

Será uma boa estratégia insistir na honradez da Dilma? Não foi suficiente ter batido no notório Cunha no pronunciamento logo após o anúncio da possibilidade do impeachment?

A honradez de Dilma nunca foi questionada. Nem, por isso, houve alívio na percepção moralista coletiva. Esta, aliás, é um recurso histórico da direita udenista, agora novamente mobilizada por tipos como Aécio, Bolsonaro etc. Mas, valem algumas perguntas: será que a rejeição em massa do governo se deve tão somente a uma manipulação moralista? Será que somos todos tão tuteláveis? Não há nenhuma responsabilidade num governo que, mal fechadas as urnas, já demonstra o engodo eleitoral com MPs, editadas nos dois últimos dias de 2014 dificultando a proteção social do trabalhador, sabendo, de antemão, que o que pretendia fazer no ano seguinte era uma política econômica de austeridade, típica do receituário neoliberal?

Quais forças sociais - excluindo certas cumplicidades interesseiras, além das cúpulas sindicais, conforme muito bem escreveu Chico de Oliveira, sócias da financeirização pelos fundos de pensão que controlam e que investem como qualquer especulador “rentista” – sairiam às ruas pra defender este governo?

Enquanto isso, Temer, querendo ser o Novo Itamar, aguardando, malandramente, a estratégia da agência de risco internacional Fernando & Armínio.


SRN


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Conjuntura de Botequim

- O cinismo e oportunismo do PT, aproveitando pra se livrar de compromissos com o governo de uma Presidente que nunca foi bem assimilada pelo partido, jogar pra arquibancada da luta contra corruptos e simular, no Supremo, defesa da legalidade contra o impeachment.

- Aceleração na dramaticidade da conjuntura em torno de dois eixos: os que defendem a Presidente, “Dilma ou golpe”, e os que querem fazer de Temer um Novo Itamar, estratégia a cargo da agência internacional de risco, Fernando & Armínio.


SRN


GRANDE UERJ!

Todas as contradições da ÚNICA universidade pública que se tornou, de fato, popular.


Somos todos Congo!


SRN


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Uma pergunta imbecil


As disputas já começaram. Do lado da Presidente, o enfoque é "Dilma ou golpe". Do lado dos que pensam em fazer de Temer um novo Itamar, a estratégia virá certamente da agência de risco internacional, Fernando & Armínio. O curioso é a seriedade que tenho visto para o argumento jurídico, como se houvéssemos nos esquecido que, até há poucos meses, até o O Globo fez uma reportagem com juristas de renome demonstrando por A + B da "cristalinidade", tanto da tese do golpe, quanto da tese da legitimidade do impeachment. Se não me engano, havia posições antagônicas entre os próprios irmãos Dallari. 

Uma pergunta imbecil: quando o problema é do político, em contextos de radicalização como o que teremos, o jurídico não serve apenas de conveniência?


SRN


Ocimar é um historiador de segunda, mas podia ser um bom ponta-esquerda

Meu amigo Ocimar até que era um bom ponta-esquerda nas peladas de rua aqui da Vila. Hoje ganha vida passeando cachorro pruma pet shop e, quando dá, pega umas tutorias de história dessas espeluncas com "aula" em causa pra aluno de colégio particular em recuperação ou com nota fraca. Ocimar fez o curso de história numa dessas faculdades que faliu. Mas, ele lê muito. Sempre o vejo com um Anderson, o irmão "inglês", marxista, não o "americano", da antropologia das comunidades imaginárias, com um Thompson (outro dia, levava um yorkshire em uma mão, na outra, "A Formação da Classe operária Inglesa"). 

Em face do que ocorre, resolvi mandar mandar um e-mail pra ele perguntando sobre democracia. Respondeu e não se incomodou que eu publicasse aqui no blog:

"Liberalismo é um produto moderno, enquanto a democracia vem dos antigos, da deliberação na praça pública grega. A democracia liberal moderna, representativa, delega a deliberação a seus representantes. O argumento liberal é que a mediação diminui a propensão à demagogia da democracia direta antiga. Daí o nobre parlamentar Eduardo Cunha..."

SRN


Silêncio estranho...


Disputa de fundo de poço

Vale uma busca no portal da Câmara e ver o rito do impeachment. Mais ou menos 5 ou 6 etapas: constituição de uma Comissão Especial, defesa da Presidente, Comissão Especial de novo, avaliação, deliberação e encaminhamento ao Plenário, novo contraditório, finalmente, a votação em Plenário, que decide o destino da Presidente. Segundo especialistas, estaríamos aí na metade do ano que vem. Calculem: as conseqüências do ajuste fiscal deste ano batendo firme, com a mobilização partidária, empresarial, midiática e popular, indo e voltando, avaliando interesses, acirrando posições. 
Pra muitos, isso é golpe. Não seria o jogo da correlação de forças, sem ruptura institucional, em contextos polarizados, do qual faz parte o impeachment, que nada tem de caráter jurídico (se quiser, encontram a fundamentação, em que pese toda a honradez pessoal da Presidente) , mas tão somente político?


SRN


Filme B


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Pena que foi tarde


Até a agência internacional de risco, Fernando & Armínio, reconhece a honradez da Presidente. E nem isso, que poderia fundamentar um argumento, é recurso, pois o moralismo é uma bandeira que já tem dono clássico, essa pauta reacionária, cada vez mais agressiva no espaço público (ou como é que se sustentaria esse tipo notório do Cunha?). A decisão do PT na Comissão de Ética só tem deste nome a arquibancada. Foi uma decisão cínica e oportunista, muito conveniente pra se livrar de qualquer compromisso com a Presidente, fornecendo, de quebra, o pretexto que faltava ao PMDB pra também abandoná-la . Dilma agora está por sua conta e risco, sem qualquer apoio no Congresso. Também não tem apoio popular pela opção econômica pela velha e surrada austeridade, que desemprega e compromete a proteção social. 

O pronunciamento que acabou de fazer, pela firmeza de com quase todas as letras descrever o notório Cunha, sem nenhuma condição ética de propor-lhe o impeachment, foi a melhor coisa que fez este ano. 

Pena que foi tarde.

SRN



Multi-Rio e o programa sobre o Grande Aldir Blanc

Muito simpáticos. A jornalista Fernanda Torres e o fotógrafo Alberto Jacob, aqui em casa, da Multi-Rio, agora há pouco, registrando as fotos do botequim do meu avô, nas décadas de 30 e 40, para a Vila Isabel dos primeiros passos do grande Aldir Blanc, que morou aqui ao lado da Gonzaga, na rua dos Artistas. "Rua dos Artistas e Arredores", aliás, foi o título de um dos livros que escreveu.
SRN

Danone Historiográfico


Conversando com meu amigo Ocimar, historiador de segunda, que, a muito custo, me autorizou divulgar o nosso papo: 

"Vê lá, Máximo, conforme o que publicar, depois não arrumo nem os trocados dessas espeluncas de tutoria em casa de aluno de colégio particular." 

Fica tranquilo, Ocimar. Acho que nenhum historiador de primeira divisão vai bloquear o seu ganhão-pão. Aliás, nem sequer lerão esta postagem. Por isso, acho que vale o que você me disse a propósito do debate em torno da sugestão do grupo de assessoria do MEC sobre o componente História. De fato, se examinado com "o rigor do controle historiográfico", muitos dos pressupostos teórico-metodológicos mobilizados estão em condições excelentes para uma boa aula de graduação: "o lugar de fala", de Certeau, "a crise dos paradigmas", "A Nova História" (já não tão nova assim de mais de 30 anos), o "eurocentrismo", o "nacionalismo de jabuticaba", que não se confunde, entretanto, com o esforço de uma teoria social e uma historiografia, nos termos de "O Povo Brasileiro", de Darcy Ribeiro, de uma perspectiva dialética daqui do sul. Ia me esquecendo, a relação entre Memória e História, a "guinada subjetiva, de Beatriz Sarlo, não esquece". Não esqueci, Ocimar.

"A pior coisa, Máximo, acredite, meu irmão, é a assepsia do suposto equilíbrio intelectual. Isso é danone historiográfico."

Desse jeito, Ocimar, você não arruma emprego nem na cartilha de História que o Eduardo Paes distribui no Rio.

SRN


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Romário Engodo

Na minha idade ainda é possível ter boa fé, mas, não dá mais, ainda que faça força, pra ser ingênuo. Não fui, apenas mal informado, sem ler as fontes adequadas, o que é um erro crasso de quem fez história. Paciência. É que o senador moralista só fez o que fez na copa do mundo porque não teve os seus interesses atendidos de ficar com o controle dos negócios do futebol feminino brasileiro, sobretudo em sua dimensão internacional, no mercado norte-americano, onde está o grande lucro. Ainda bem que, em matéria política, continuo com as minhas convicções e não cometi o erro de entregar a representação do meu Estado prum sujeito que nunca considerei mais do que um excelente centro-avante (embora tenha sido um engodo no meu Flamengo).

SRN


Além de tudo que já noticiou sobre um possível acordo entre o senador Romário e o prefeito carioca Eduardo Paes, até envolvendo suposta conta bancária do ex-craque na Suíça,  há mais.H...
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