Entre as biografias,
sempre muito vendidas no fim de ano, falta uma:
a de Geraldo "Assobiador", meio-campo habilidoso do Flamengo,
que surge com Zico, chega à seleção brasileira dirigida por Oswaldo Brandão, em
1975, e morre de operação de amígdalas no ano seguinte, em 1976. Um personagem
cujas contradições ajudariam a compreender um futebol de transição à
pasteurização atual. Não só andava sobre a bola, na jogada famosa que Zidane
imortalizaria, mas também pela sua morte, aos 22 anos, por todas as
possibilidades ou, talvez, pelas que não se ensejariam, no confronto com sua
concretude histórica, como se os personagens não pudessem ser diferentes do que
foram, benzidos pelo destino e condenados ao heroísmo.
Abordar Geraldo, como
tema de uma biografia, já é uma escolha crítica. Impossível a ausência de
paradoxos na trajetória deste mineiro que tinha até nome de personagem: Geraldo
Cleofas. A um só tempo artista e desperdício, quando irritava a torcida com
dribles e jogadas sem nenhum outro propósito senão o de simplesmente brincar em
campo, como se estivesse numa pelada. Nessa hora éramos unânimes, no lado
esquerdo da tribuna de honra: pedíamos em uníssono: Tadeu! Tadeu! - meio-campo correto, vindo do América, que
ainda existia e era um clube relevante a um ponto, até o ponto de ser
considerado um dos “cinco grandes” do futebol carioca.
Geraldo também era
completamente displicente em relação ao tipo de profissionalismo do futebol
brasileiro. Falta a biografia nas livrarias.
Falta Geraldo em campo.
SRN
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