quinta-feira, 15 de julho de 2010

Quebra Tudo, DJ !


Por Tadeu dos Santos

Algo parecido com uma festa está ocorrendo logo aqui ao lado. Tranco a porta, mas o som, tal e qual a água que nos escapa por entre os dedos, teima em forçar passagem e escandalosamente adentra minha casa.

Tocam Funk, tocam Funk.

Penso então:

- Oh! Como adoro Funk! Gosto dos momentos (quase todos) em que há muita letra pra pouca música e daí então o DJ, como se fora um narrador de corrida de cavalos dispara uma saraivada de palavras. Lembra superlotação de presídio, sabe? Ao final, o moço já um pouco sem fôlego, como uma afogado que vem à tona buscar ar, lança-se à parte seguinte, numa rotina que se repetirá até o, digamos assim, acorde final.

- Oh! Como adoro Funk! Gosto da adjetivação lançada às mulheres. E tome cadela, cachorra, vagaba e toda a variação que o tema comporta. E elas gostam. Talvez, diga-se, sejam os únicos viventes que conseguem gostar mais de Funk do que eu. Gosto da abordagem das letras. Fala-se muito de cachorra, de violência, de cachorra, de violência, de cachorra, de violência, de cachorra...

- Oh! Como adoro Funk! Ouço-o e não consigo vislumbrar que por trás de tudo aquilo haja alguém tocando violão, guitarra, bateria ou o que quer que seja. São geniais esses funqueiros acabaram com esse negócio de músico, basta um sample. Gosto demais da variação melódica, gosto da dicção dos DJs. Gosto de tudo, gosto de tudo...

Ouço daqui: Vou arregaçar você, vou arregaçar você, vou arregaçar você (e a coisa se repete ao infinito).

- Oh! Como gosto de Funk.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

E eis que nos chega a última e auspiciosa notícia a tratar do binômio MÚSICA/PATOLOGIA:
Equipe de Cientistas da Universidade de Oxford, Inglaterra, chefiada pelo Phd Chandler Geller descobriu que o funk tem potencial pra se transformar no genérico dos genéricos.
afirmam que reiterados testes demonstram que o ritmo em tela tem potencial apto a curar qualquer tipo de patologia.

Pacientes foram confinados numa cápsula e a seguir foram devidamente monitorados.

Um pequeno orifício permitia a entrada do som e sessões que se estendiam por 30 minutos revelaram-se suficientes para afastar doenças cujas curas não se figuravam sequer próximas.

Eis a lógica do tratamento: o som entra e as doenças saem. Simples, não?

Há, porém, um efeito colateral ainda não sanado pelos especialistas. É que os neurônios tem se aproveitado da fuga em massa das doenças e também tem se evadido.

Solucionado esse pequeno percalço, o tratamento estará disponibilizado em toda a rede hospitalar pública.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Já diz o pessoal do Los Hermanos que todo carnaval tem seu fim. Também a Copa conheceu seu epílogo. Ainda bem.

A Suderj informa: sai o futebol-arte e entra a tecnologia.

É verdade, em meio à escassez de qualidade, eis que já não se bate de trivela, caminha-se por sobre a bola como antigamente e escasseiam os lençóis, a tecnologia diz presente.

E é um tal de câmera de última geração a dar conta do pedacinho de grama que sobe, do colorido maravilhoso das chuteiras, do close na expressão de dor ou alegria, das múltiplas e variadas expressões da torcida.

Em meio a tudo isso, eu pergunto: pra que futebol. Todo o arsenal tecnológico disponível está a tornar os jogadores algo despiciendo. Num futuro que se afigura muito próximo olharemos para o telão e não para o campo. Robinho será festejado por ser o precursor desta tendência. Tal e qual um Narciso acha feio o que não é espelho.

Findo o carnaval e eis que o que se segue não é a modorrenta quarta-feira de cinza. Uma outra nação volta ao campo. Tem nas cores o vermelho e o preto. Nos rincões desta Nação a mais bonita torcida do mundo é o substitutivo do mercantilismo do telão.

O time não é exatamente o ideal. Complementa-o, porém, a torcida. Isso não basta? O que importa. Faremos, vez mais, história a contrapelo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário