terça-feira, 7 de setembro de 2010

Fazendo Direito

28 – Seguinte, meu irmão. Ás vezes penso em seguir o exemplo do Máximo e fazer vestibular ou pra UERJ ou pra UFRJ. Direito é o que me ocorre, mas tenho uma má vontade: o formalismo, “data venia”, a ambiguidade, a representação, o caráter melífluo. È o tal negócio. Me diz aí alguma coisa.


Tadeu - Quanto ao curso de direito – falei outro dia isso pro Máximo - havia, anteriormente, passado pra direito na UFRJ, mas que preferi prosseguir na UERJ com ciências sociais. À época decidi dessa maneira porque pensava do curso de direito o mesmo que você pensa agora. Não é nada disso meu irmão. Há correntes avançadíssimas dentro do Direito. Há o direito alternativo, forte no Rio Grande do Sul e cujo maior expoente é HAMILTON BUENO DE CARVALHO. Aqui mesmo no Rio, há uma juíza sensacional chamada Maria Lúcia Karan. É dela o excelente livro “De Crimes, Penas e Fantasias”. Uma visão avançadíssima do Direito.

Há na Defensoria Pública, no Ministério Público e mesmo na Magistrtura espaço de sobra pra quem deseja o avanço das instituições. Não pense que o direito se limita a dar a cada um o que é seu. Máxima aristotélica. O bom direito dá a cada um o suficiente pra que se viva com dignidade. Há gente por aí decidindo nesse sentido. Não tem jeito meu irmão. Pra fazer algo em prol dos desfavorecidos há de se ter algum poder. O direito permite isso.

Uma hora dessas vou a UERJ. Encortrar-me-ei com antigos colegas revolucionários de carteirinha. Do tipo que iriam tranquilamente pra venezuela juntar-se às forças chavistas. Direito não faz de ninguém um sujeito de direita. Ao contrário, permite que um cara de esquerda transforme a realidade. Blá blá blá só faz bem pro ego daquele que fala. Se fosse um político ou empresário corrupto iria preferir ter do outro lado uma penca de prosélitos versados em bla bla bla do que um único membro do ministério público disposto a fazer a coisa certa. E perceba que até mesmo os destinatários do bla bla bla já perceberam isso.


28 – Valeu aí, meu irmão. Isso é revolução, de fato. Talvez eu vá nessa. Não vou mesmo mais pra botequim. Água mineral, o jogo do Flamengo na televisão, os livros no sofá, mas, não fossse isso, também perdi a paciência pra revolução feita pela cerveja de botequim. Vou ver se o Máximo publica lá no blog esse papo. Pode ser útil. Saudações Rubro-Negras.


Karam, Maria Lúcia, De Crimes, Penas e Fantasias, Rio de Janeiro: Ed. Luan, 1991.

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