A Vinte e Oito nem sempre foi uma linha reta. O Boulevard francês de que se ressente também é memória inventada e, a princípio, o que importa. Por quê?
Uma pergunta cuja resposta pode ser encontrada no chão. Olhe pro chão, repare bem nele. As pedras portuguesas cantam versos em notas de calçada. Não se pisa em Vila Isabel, como diria o poeta, na verdade, nas estrelas aqui pisamos distraídos.
Noel passa. Cumprimenta.
28 passa. Os pés inchados, a despeito do chinelo. Seus pés ainda ficam mais rubro-negros. O sangue pisado, na ponta dos dedos, é o preto que faltava à composição. Diz-se logo.
“Ali vai um Rubro-Negro.”
Valeu, aí.
28 não é simpático, mas, estranhamente, respondeu o que nem sequer era uma pergunta. Nem um gesto, tampouco um aceno.
“Passa lá.”
Aqui em Vila Isabel, certamente, é pra não passar.
Vila Isabel – se há mesmo a pós-modernidade – assume sua própria estética. Isto porque não encerramos a totalidade, não sem antes o exercício da crítica a quem insiste, continua insistindo, permanece insistindo:
“Esqueceu-se de Noel? Se continuar limpando a mesa, não pago a conta nem a despesa.”
SRN
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