terça-feira, 28 de setembro de 2010

O azar do Goiás é que o padre é mineiro

Por 28

"O momento individual não importa se o coletivo não vai bem. Fiz dois gols nos últimos jogos, mas a equipe não venceu e é isso o que mais importa para mim: que o time se saia bem, vença as partidas e suba na tabela".

Copiei o que o gringo disse lá do sítio oficial do Flamengo. A terceira idade serve pra tornar o que sempre foi de excelência consciência e refinamento como contrapartida à perda da disposição física. Essa a diferença do nosso gringo para os demais estrangeiros. Da roça do tietê, eles chegam em lombos de burro, de porco, só pra aporrinhar. Mas, isso é de se esperar, diferente de perder tempo lá na roça da grande são paulo hoje. É voltar com os três pontos.

É o tal negócio, Máximo: a concessão que ainda é possível ao resto carioca leva ao sacrifício do senso de humor quando o caminhão frigorífico chega no Rio, encosta aqui perto e descarrega a mercadoria.

Teu pai tinha açougue ali na Silva Pinto, em Vila Isabel, tá lembrado? Lembra como chegavam aquelas "peças" (não era assim que o Velho se referia à carne de porco, boi, de vaca, galinha, o que fosse?)?

O futebol é a prova de que a roça ainda pode deixar de ser paulista. Luxemburgo não arrumava nada em Campo Grande e teve de ir lá pro interior de uma bragança dessas pra poder andar de armani. Foi lá bancar o artista do padre da piada:

Chega um camarada na roça do tietê, sem dinheiro, diz que é artista, com passagem pelo Rio, é bem tratado, dão-lhe casa, comida, roupa lavada, vai sair fora, quando chega o cbn esporte clube. O camarada não tem como fugir, mas, caipira não trabalha tarde na rádio à toa, quer mostrar serviço, a sociedade de espetáculo afinal também chegou até ali. Arrumam um cenário na igreja, na praça do arraial, chitãozinho, chororós, olivettos, kfouris, miltons - todos reunidos pra vê-lo pintar ou então apresentar uma de suas obras-primas. E aí?

"Minha obra é de uma tal grandeza, que só quem tem uma mãe pura poderá vê-la."

O camarada tira a toalha que cobria a tela que trouxera.

Os mais extasiados falam, descrevem à luz do referencial olivetto a estética do nada.

O resto, de resto, como cabe a chitãozinhos, xororós, etc.

Só o padre, que era mineiro, se levanta e diz:

"É, meus filhos, o único filho da puta aqui sou eu mesmo."

SRN

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