segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Pós-modernidade do Corrêa


28 - O período Vargas é certamente uma das coisas que mais me interessam em história. A ambiguidade de vargas era típica no período. O mundo vivia a pá-de-cal definitiva no liberalismo do tipo clássico. E, pra piorar, houvera 17. O ocidente capitalista tentava encaminhar a novidade da emergência das massas sem comprometer o regime da propriedade. O fascismo foi uma tentativa. Um corporativismo sob coordenação do estado. Roosevel, com o new deal, foi o Keynnesianismo corrigindo os estragos de 29 e preparando a conversão da capacidade produtiva americana pra guerra que se avizinhava. O Brasil não estava fora do mundo e Vargas foi uma resposta da história (acredito na corrente historiográfica que minimiza o voluntarismo em função da estrutura) ao encaminhamento nacional dessa questão: industrialização e urbanização. È verdade que tenho vontade de dar bico no rádio e na televisão quando vejo sordidez com velho, mulher e criança. Tenho uma gana particular em clínica de idosos (mas, isso é outro papo).É minha grande dificuldade de sentir politicamente, como personalidade humana, a figura de Getúlio. Compreendo e reconheço sua genialidade política, mas, não precisava pagar o preço do que fez à Olga. Discordo do cálculo político quando se trata de por em jogo vidas.


Tadeu - É verdade. Mas depois disso Prestes ainda fez aliança com Vargas.
Considero, até mesmo pela proximidade, que o sindicato é a instituição mais apta a viabilizar esse processo de conscientização do trabalhador (algo como faz atualmente o MST - que ainda que se discorde dos métodos, há de se reconhecer a preocupação na preparação de quadros). Ocorre que o atrelamento do sindicato ao Estado tirou-lhe toda a combatividade e autonomia. O imposto sindical é uma grande teta. Não há quem a queira largar. O mais grave é que o sindicato sequer precisa ser combatido. A contribuição está lá e vai ser desconcontada de todos os trabalhadores (até dos não sindicalizados) e vai bancar os sindicatos, federações e confederações. Devemos isso ao Vargas. Também acho inadmissível toda aquela dubiedade que lhe era peculiar num período em que havia o Nazismo e o Fascimo. Sou a favor do estado mínimo, você sabe, e assim não há como admirar alguém como Vargas. Ademais era ditador e ditador é como o tipo que não torce pelo Flamengo, pouco importa se é bambi, louco ou complexado, no fundo, no fundo, não presta (tou brincando - tenho um amigo vascaíno que além de tudo entende pra caralho de futebol). Sempre que o flamengo perde o puto liga aqui pra casa e diz: - porra torci pra cacete pro flamengo ontem. Podemos conversar com mais calma sobre Vargas, mas não gosto de políticos abraçadores, daqueles que impedem a expansão dos movimentos sociais. Vargas era assim e fez isso com o sindicalismo. A CLT e o atrelamento dos sindicatos ao Estado foram um grande mal para o processo de conscientização da classe trabalhadora. E tudo isso pra não levarmos pro nível mais pessoal como por exemplo, mandar mulher grávida pra campo de concentração. Há um livro muito bom chamado O Anti-semitismo na Era Vargas (1930/1945), de Maria Luiza Tucci Carneiro, Editora Brasiliense. Essa coisa de não respeitar o outro, sobretudo quando ele discorda de nossas posições é velha e acaso acreditasse em natureza humana diria que faz parte da mesma. O nazismo fez isso e o socialismo também. Antes deles também a inquisição o fizera. O pessoal do Cahis também faz, a VEJA e o PT também. Vem daí meu ceticismo, meu irmão. Acreditar no que quer que seja faz um mal do caralho. Tornamo-nos sectários. Não adianta, ao acreditarmos em algo, automaticamente nos embuímos de certezas e passamos a achar que o outro é uma besta quadrada cega que não consegue enxergar o que está a um palmo do nariz. Aos 52 anos ainda tem uma curiosidade juvenil. Tenho uma sede de conhecimento que não cessa, mas quanto mais leio, menos acredito. Engajamento nunca mais e só me movo pra defender o sagrado direito à imobilidade. Acreditar cega e o que é pior, nos tira o bom-humor.


28 - É um valor fundamental. Que direito tenho eu de obrigá-lo a considerar Vargas um gênio e prendê-lo por causa disso? Do mesmo modo o contrário. Transporte para o plano do Estado. Que direito tinha a kgb de perseguir seus cientistas e , mesmo, dissidentes? Que direito tinham os americanos de tratar esquerdistas como fizeram com o macarthismo, como fazem em guantánamo, como ainda é o clima em todas aquelas ligas fascistas-patrióticas que domonim aquela terra de esquizofrênicos (liberdade completa com moralismo e intolerância absolutas)? Da pós-modernidade, talvez a grande questão, pra mim, seja a estética, encarada como tem de ser. Basquiat, Picasso. Existe algo mais expressivo, praticamente uma identificação pessoal, do que uma pintura que combine a técnica, aprendida por qualquer um, portanto uniforme, com o gesto, o impulso, seja pra destruir ou construir? Isso, de fato, é arte, independente da qualidade que dependerá dos talentos envolvidos. Uns se tranformam em basquiat, outros não passam de Antônio Máximo, grande camarada, mas apenas um bom desenhista. Às vezes, acerta, como no desenho que fez pra tua postagem “Geraldo, Basquiat”. “Pós-moderno", pois combina técnica e impulso. Ou seja, só o cara poderia tê-la feito, assim como era preciso ser Basquiat pra fazer o que este fizera. Outra coisa, ainda sobre a pós-modernidade, que não me convence nem pelo caralho: Chega a conta da light, certamente e independente de qual "tribo" se pertença, não se tem que pagá-la?

Outra coisa: notou como aqule Correa tem jeito de babaca. Mal chegou dá esporro, tenta bancar o dono do time. Nem em pelada de rua se aje desse jeito. Quem chega, chega manso, respeitando os mais antigos. Três lances desse zé roela com cara de dunga: a bola veio da direita do ataque do cruzeiro, cruzada baixa na pequena área, ele termina a jogada e faz uma presepada, socando o vento, contra Angelim e Juan jogando pra arquibancada. Pra se foder, adiante veio um lance parecido e o babaca se atrapalha todo, dentro da pequena área e dá de bandeja pro cara fazer; Lomba defendeu á queima-ruopa. Fora o fato de ter perdido um gol na cara do Fábio, entrando por trás como faria um volante que soubesse alguma coisa.O babaca com cara de dunga não viu que o Flamengo se fodia justo pelo maio-campo, entre os quais ele era um dos merdas. Val baiano, correa, sem chance, meu irmão. Preferia o Zico de antes de 90.


Tadeu – Não vou aqui descer às minúcias do grupo que vargas representava e tampouco do papel que o país desempenhava em meio ao emaranhado que foram os anos 40 do século passado. Digo apenas que acho Vargas um porco. Um enorme atraso. Concordo com essas análises que negam o progresso. Elas também demolem com todos os ismos. O autor de que mais gosto é John Gray. A confirmá-la está aí a história. O século passado foi um período em que os ismos tentaram a redenção do homem. Deu no que deu. Daí a descrença e um meio que não sei pra onde vamos. Luc Ferry um filósofo francês afirma que devemos retornar aos valores familiares e começar dessa célula primeira. Ao cuidarmos bem da família, cuidamos bem do país e por aí vai.É uma teoria que nega o conflito e a própria luta de classes. Mas á certa altura ele também pergunta; quem nos dias de hoje está disposto a morrer por um grande ideal, pela ideia de pátria ou por um interesse da classe que eventualmente pertença? Ninguém.Se esses interesses não mais nos sensibilizam ou mobilizam talvez devamos deixá-los de lado. O que John Gray afirma é que em todas as oportunidades em que tentamos construir um novo homem. Seja através do Marxismo ou mesmo do Nazismo, produzimos montanhas de cadáveres. Afirma também que a inteira impossibilidade de construção do arianismo perfeito ou do homem comunitário disposto a tudo dividir, esbarra na nossa própria constituição. Somos extremamente imperfeitos. E aí todo o avanço recente (e olhe que é grande) da biologia vem em socorro à tese que ele esposa. Os ateus dizem que devemos nos situar melhor. Dizem que essa coisa toda de construído à semelhança de Deus não nos abandona nem pelo caralho. Nos consideramos mesmo criaturas especiais. Mas na realidade somos apenas uma espécie dentre muitas outras que já andaram por aqui e que se há algo de certo e inafastável é que assim como tantas outras antes de nós, também sucumbiremos e o planeta prosseguirá tranquilamente sem a nossa presença.

Você dizia que o Corrêa adora jogar pra torcida e nao pára de apontar os erros cometidos pelos companheiros. Ele é espalhafatoso e visivelmente confunde liderança com mandonismo. Mas não é só. O zagueiro Jean reclama à vera sempre que a bola chega à area. É como se dissesse:

- Que porra é essa que essa bola toda hora tá aqui na minha área. Cadê os meus volantes? E esses atacantes que não cercam os zagueiros na saída da bola? Que que tá havendo???

Já vi goleiros que comungavam dessa mesma "visão de futebol". Não estavam ali pra impedir os gols, mas apenas pra assistir o jogo. Tão logo a bola chega nas cercanias da área e ele já começa a comandar a marcação. E é um tal de cerca, cerca, vai, vai...quando ocorre a conclusão (chute, cabeçada) ele abre os braços, olha pros zagueiros, pros volantes, põe as mãos na cabeça e dá aquela espiada pro telão. Por trás de toda aquela panaceia fica a frase:

- Porra um jogão desses. Eu aqui numa posição privilegiada e lá vem esses zagueiros de merda a permitir chutes do adversário.

Jean é assim. Correia também. Quiçá a doença chegue ao Marcelo Lomba e teremos então um trio invejável. No mais, a certeza. A luta neste brasileirão é, apenas e tão somente, pra não cair. O que nos conforta é que a bambizada já começou a amarelar. Quanto àquele povo com complexo de anão vai ficar pelo caminho, como convém aos pequenos.


28 - Em torno dessa palavra gira toda uma grande reformulação da historiografia contemporânea. A história como progresso e lição de vida (aprender com o passado para não repeti-lo) é considerada um traço iluminista que ainda permanece em certo tipo de historiografia. Há um cruzamento com a linguística, para considerar todas grandes ideologias, notadamente o marxismo, como "grandes narrativas', de caráter teleológico para a realização de valores. O pós-modernismo que afirmam vivermos não tem missão alguma, não cabe a realização de nenhum valor. Justiça, igualdade, horizontalidade - tudo isso é anacronismo. A partir de Nietzche, há uma crise na modernidade e instaura-se uma espécie de fragmentação ecumênica, em que não cabe mais um objetivo social comum e, sim, uma justaposição sem síntese. Todos os gostos, tendências, valores, práticas, implicando uma historiografia que busque livrar-se da tradição da "grande narrativa' e passe a significar a estética e a valorizar formas de existência que representem o inconsciente e, até mesmo a ausência de técnica, ou seja, há um abandono do predomínio absoluto da razão e da evolução. Francamente, meu irmão, pode ser o mundo da garotada, mas, não é o meu, sobretudo com esses pés inchados, que não suportam uma longa caminhada. Já penso ter de seguir um novo Mao naquelas caminhadas?


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