Por Maxwell Gonzaga
Deixemos para o Máximo, que é melhor desenhista do que universitário, a emoção do que ontem ocorreu em Volta Redonda.
Ocorre que foram dois gols de grande utilidade, a corroborar bem a propósito o que me motiva a colaborar.
Em recente postagem, detive-me sobre E. P. Thompson, importante historiador marxista inglês , falecido em 1993, e que produziu significativa reflexão historiográfica sobre o papel da diversão como um campo de disputa na estratégia de controle do tempo do não-trabalho.
E a conclusão que se revela mais adequada é a sua defesa do grau relevante de autonomia da cultura que, a despeito da forte vinculação, não é estritamente condicionada pelo econômico.
Uma postura coerente, dado ser um crítico feroz do utilitarismo do racionalismo iluminista, que resumia a razão praticamente a um enfoque instrumental.
Atento, evitou reproduzi-lo e, no interior do campo marxista, é o que explica a defesa que faz do improviso e da imaginação, bem como do romantismo da cultura popular inglesa, particularmente na investigação do contra-iluminismo ao final do século XVIII, a importância do papel dos antinomianos, na articulação com a academia, ensejando um tipo de racionalidade muito mais rico - "as raízes emocionais do intelecto" - para além dos estreitos limites da razão instrumental.
Para Thompson, há na cultura uma força intrínseca, capaz de um sentido muito mais profundo do que o mero racionalismo esclarecido. Também não é o absoluto da tese de Marx do povo como sujeito da história, mas a toma por base sobre a qual constrói o próprio e criativo argumento.
Ao estudo do futebol, particularmente o brasileiro, creio ganha uma importância fundamental.
Quando importado da Inglaterra, com função similar de controle, não obtém sucesso na submissão do tempo livre nem na modelagem do comportamento do trabalhador ao ritmo da industrialização nacional.
O futebol não domina mecanicamente a cultura brasileira, mas é apropriado por ela. A destreza corporal, a habilidade com a bola - conforme os estudos brasileiros, notadamente os produzidos pelo Núcleo da UERJ - são, entre outras, especificidades nacionais, muito mais do que construções literárias, narrativas tributárias da clássica história mítica (exclusão, provação e redenção), em face ao disciplinamento que, de fato, se pretendeu.
Ao invés de higienizar, foi o costume nacional quem contaminou o importado inglês, tornando-o brasileiro.
Ademais, não somos de todos destituídos de funcionalidade.
Haja vista o que fez ontem Kleberson.
Graças a Deus.
Deixemos para o Máximo, que é melhor desenhista do que universitário, a emoção do que ontem ocorreu em Volta Redonda.
Ocorre que foram dois gols de grande utilidade, a corroborar bem a propósito o que me motiva a colaborar.
Em recente postagem, detive-me sobre E. P. Thompson, importante historiador marxista inglês , falecido em 1993, e que produziu significativa reflexão historiográfica sobre o papel da diversão como um campo de disputa na estratégia de controle do tempo do não-trabalho.
E a conclusão que se revela mais adequada é a sua defesa do grau relevante de autonomia da cultura que, a despeito da forte vinculação, não é estritamente condicionada pelo econômico.
Uma postura coerente, dado ser um crítico feroz do utilitarismo do racionalismo iluminista, que resumia a razão praticamente a um enfoque instrumental.
Atento, evitou reproduzi-lo e, no interior do campo marxista, é o que explica a defesa que faz do improviso e da imaginação, bem como do romantismo da cultura popular inglesa, particularmente na investigação do contra-iluminismo ao final do século XVIII, a importância do papel dos antinomianos, na articulação com a academia, ensejando um tipo de racionalidade muito mais rico - "as raízes emocionais do intelecto" - para além dos estreitos limites da razão instrumental.
Para Thompson, há na cultura uma força intrínseca, capaz de um sentido muito mais profundo do que o mero racionalismo esclarecido. Também não é o absoluto da tese de Marx do povo como sujeito da história, mas a toma por base sobre a qual constrói o próprio e criativo argumento.
Ao estudo do futebol, particularmente o brasileiro, creio ganha uma importância fundamental.
Quando importado da Inglaterra, com função similar de controle, não obtém sucesso na submissão do tempo livre nem na modelagem do comportamento do trabalhador ao ritmo da industrialização nacional.
O futebol não domina mecanicamente a cultura brasileira, mas é apropriado por ela. A destreza corporal, a habilidade com a bola - conforme os estudos brasileiros, notadamente os produzidos pelo Núcleo da UERJ - são, entre outras, especificidades nacionais, muito mais do que construções literárias, narrativas tributárias da clássica história mítica (exclusão, provação e redenção), em face ao disciplinamento que, de fato, se pretendeu.
Ao invés de higienizar, foi o costume nacional quem contaminou o importado inglês, tornando-o brasileiro.
Ademais, não somos de todos destituídos de funcionalidade.
Haja vista o que fez ontem Kleberson.
Graças a Deus.
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