Na carta de renúncia, Jânio escreveu
“forças terríveis”, que ganhou a versão mais cinematográfica, “forças ocultas”.
De maluquice à tentativa de imitar de Gaulle, convocado pela Assembléia Nacional
francesa por pressão dos militares como o Salvador da Pátria na crise da
Argélia sob nova constituição, inaugurando a V República, tudo já se disse a
respeito para a saída do enigma da vassoura que, paradoxalmente, ao mesmo tempo
em que, em pouco menos de 6 meses, fazia uma inflexão progressista de nossa
política externa para a Cuba e para a África, moralizaria com os famosos
“bilhetinhos” a mini-saia das garotas, proibiria briga de galo, o bíquini em
transmissão de concurso de miss e o lança-perfume no carnaval, abrindo uma
crise política que só se resolveria com o golpe de 64.
Jânio foi embora,
enquanto Brizola abria a Campanha da Legalidade, pelo rádio, buscando a
mobilização a fim de garantir a posse do vice, João Goulart, ameaçada de veto
pelos ministros militares anti-getulistas que o consideravam um instrumento do
comunismo. Em 12 dias, Jango viajando de volta e o Congresso tentando uma
solução de compromisso com o parlamentarismo, que transformaria Jango numa
espécie de rainha da Inglaterra, muito antes do nosso atual ministro da
educação. Implementado através de um Ato Adicional pelo Congresso no dia 2 de
Setembro, a posse de Goulart no dia 7, com seu mandato na presidência até 31 de janeiro de 1966, o
parlamentarismo durou menos de um ano e meio, encerrando-se em janeiro de 1963,
com um plebiscito que restauraria maciçamente o legítimo poder de Presidente de
Jango.
Só pra lembrar, Jânio voltaria a ser
protagonista, anos depois, de uma cena de humor das mais hilárias. Eleito por
voto direto prefeito de São Paulo, em 86, antes de sentar na cadeira, pega um
espanador e a limpa, como se quisesse imunizá-la de Fernando Henrique, o
candidato derrotado, mas que antes do resultado, achando-se eleito, aceitara
posar pra fotos pra imprensa sentado na referida cadeira de prefeito.
SRN
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