terça-feira, 25 de agosto de 2015

54 anos da renúncia de Jânio



Na carta de renúncia, Jânio escreveu “forças terríveis”, que ganhou a versão mais cinematográfica, “forças ocultas”. De maluquice à tentativa de imitar de Gaulle, convocado pela Assembléia Nacional francesa por pressão dos militares como o Salvador da Pátria na crise da Argélia sob nova constituição, inaugurando a V República, tudo já se disse a respeito para a saída do enigma da vassoura que, paradoxalmente, ao mesmo tempo em que, em pouco menos de 6 meses, fazia uma inflexão progressista de nossa política externa para a Cuba e para a África, moralizaria com os famosos “bilhetinhos” a mini-saia das garotas, proibiria briga de galo, o bíquini em transmissão de concurso de miss e o lança-perfume no carnaval, abrindo uma crise política que só se resolveria com o golpe de 64. 

Jânio foi embora, enquanto Brizola abria a Campanha da Legalidade, pelo rádio, buscando a mobilização a fim de garantir a posse do vice, João Goulart, ameaçada de veto pelos ministros militares anti-getulistas que o consideravam um instrumento do comunismo. Em 12 dias, Jango viajando de volta e o Congresso tentando uma solução de compromisso com o parlamentarismo, que transformaria Jango numa espécie de rainha da Inglaterra, muito antes do nosso atual ministro da educação. Implementado através de um Ato Adicional pelo Congresso no dia 2 de Setembro, a posse de Goulart no dia 7, com seu mandato  na presidência até 31 de janeiro de 1966, o parlamentarismo durou menos de um ano e meio, encerrando-se em janeiro de 1963, com um plebiscito que restauraria maciçamente o legítimo poder de Presidente de Jango.

Só pra lembrar, Jânio voltaria a ser protagonista, anos depois, de uma cena de humor das mais hilárias. Eleito por voto direto prefeito de São Paulo, em 86, antes de sentar na cadeira, pega um espanador e a limpa, como se quisesse imunizá-la de Fernando Henrique, o candidato derrotado, mas que antes do resultado, achando-se eleito, aceitara posar pra fotos pra imprensa sentado na referida cadeira de prefeito.


SRN

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