O presidente da Fiesp,
Paulo Skaf, que é filiado ao PMDB, em almoço com o vice Temer reunindo outros
empresários, pede a saída de Levy. Mas, será que os motivos de Skaf coincidem
com o interesse público? Afinal, o que é interesse público?
Fica claro o acerto do
argumento dos que sempre criticaram a política econômica do lulopetismo. E não
é vergonha reconhecer a ignorância, a falta de leitura mais aprofundada deste
camarada que aqui digita (embora há muito idiota que nem sequer se dá ao
trabalho de ler, mas que recorre ao anacronismo pra justificar sua “indiferença”
nas eleições presidenciais do ano passado), empolgado de ver, pela primeira
vez, a autoestima de grande parte do povo brasileiro, historicamente à margem
do mercado desse nosso capitalismo de segunda. E aí justamente o problema: consumo
é uma palavra mágica que inebria, exatamente como a TV de plasma (ou seja lá o
nome da tecnologia da moda) do imaginário cheio de cores e fantasia.
A crise da dívida
pública, antes alardeada como resolvida, agora justificativa para a austeridade
do corte dos programas sociais; o aumento do salário mínimo, agora apontado com
uma das causas ao emperramento da produtividade que deve ser estimulada a
qualquer preço, ao preço até do ataque à flexibilização legal de proteção do
trabalho (vale um exame cuidadoso da MP 680, no portal da Câmara, ontem
renovada por mais sessenta dias, que reduz a jornada de trabalho, junto à
redução do salário, com conseqüências deletérias sobre o fundo de garantia) e
do recurso da terceirização.
Um “desenvolvimento” à
base de commodities, cujo negócio da China foi pro ralo, com a mudança da
composição do desenvolvimento da terra do Mao, que há uns poucos anos vem sinalizando
na busca de um paradigma de uma economia de serviços. Certamente, a Kátia Abreu
deve mitigar e minorar o máximo que puder os interesses em jogo no Ministério
do Agronegócio.
Uma valorização
excessiva do real, na esteira de vinte anos, sob o argumento de “oxigenar” a
economia brasileira. O resultado é o que os economistas da chamada nova economia
do desenvolvimento classificam de “especialização regressiva”, numa espécie de “reprimarizaçao”
da economia brasileira. E aqui começam as diferenças, antes disfarçadas: Skaf
representa os interesses da indústria nesse jogo de disputa aberta sobre
os despojos do pacto lulopetista contra a força da banca, sempre presente nos
últimos jantares tanto com o vice, quanto com a presidente. O presidente do Bradesco
esteve nos dois.
Aliás, não é de hoje.
Basta ler ‘A Grande Transformação”, de Polanyi, para ver o recurso da paz,
responsável pela relativa tranqüilidade do século XIX, inventada pela finança
internacional, dando aos Estado-nação, ainda a se consolidarem, um mecanismo
oculto de estabilidade, conveniente, de resto, aos negócios da sociedade
burguesa, que faltara até mesmo à Santa Aliança, “internacional”, por
excelência, do início daquele mesmo século, com suas raízes atávicas no sangue
e no sagrado, hierarquias de sangue e direito divino, num esforço breve, mas
violento, de recidiva medieval.
Não é curioso que a
expressão de tudo isso, hoje, com uma pauta reacionária cada vez mais arrogante
no espaço público, seja a novidade histórica do apartheid oficial no Rio?
SRN
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