sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Na briga de foice da Fiesp com o banqueiro, cadê o martelo?

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que é filiado ao PMDB, em almoço com o vice Temer reunindo outros empresários, pede a saída de Levy. Mas, será que os motivos de Skaf coincidem com o interesse público? Afinal, o que é interesse público?

Fica claro o acerto do argumento dos que sempre criticaram a política econômica do lulopetismo. E não é vergonha reconhecer a ignorância, a falta de leitura mais aprofundada deste camarada que aqui digita (embora há muito idiota que nem sequer se dá ao trabalho de ler, mas que recorre ao anacronismo pra justificar sua “indiferença” nas eleições presidenciais do ano passado), empolgado de ver, pela primeira vez, a autoestima de grande parte do povo brasileiro, historicamente à margem do mercado desse nosso capitalismo de segunda. E aí justamente o problema: consumo é uma palavra mágica que inebria, exatamente como a TV de plasma (ou seja lá o nome da tecnologia da moda) do imaginário cheio de cores e fantasia.

A crise da dívida pública, antes alardeada como resolvida, agora justificativa para a austeridade do corte dos programas sociais; o aumento do salário mínimo, agora apontado com uma das causas ao emperramento da produtividade que deve ser estimulada a qualquer preço, ao preço até do ataque à flexibilização legal de proteção do trabalho (vale um exame cuidadoso da MP 680, no portal da Câmara, ontem renovada por mais sessenta dias, que reduz a jornada de trabalho, junto à redução do salário, com conseqüências deletérias sobre o fundo de garantia) e do recurso da terceirização.

Um “desenvolvimento” à base de commodities, cujo negócio da China foi pro ralo, com a mudança da composição do desenvolvimento da terra  do Mao, que há uns poucos anos vem sinalizando na busca de um paradigma de uma economia de serviços. Certamente, a Kátia Abreu deve mitigar e minorar o máximo que puder os interesses em jogo no Ministério do Agronegócio.

Uma valorização excessiva do real, na esteira de vinte anos, sob o argumento de “oxigenar” a economia brasileira. O resultado é o que os economistas da chamada nova economia do desenvolvimento classificam de “especialização regressiva”, numa espécie de “reprimarizaçao” da economia brasileira. E aqui começam as diferenças, antes disfarçadas: Skaf representa os interesses da indústria nesse jogo  de disputa aberta sobre os despojos do pacto lulopetista contra a força da banca, sempre presente nos últimos jantares tanto com o vice, quanto com a presidente. O presidente do Bradesco esteve nos dois.

Aliás, não é de hoje. Basta ler ‘A Grande Transformação”, de Polanyi, para ver o recurso da paz, responsável pela relativa tranqüilidade do século XIX, inventada pela finança internacional, dando aos Estado-nação, ainda a se consolidarem, um mecanismo oculto de estabilidade, conveniente, de resto, aos negócios da sociedade burguesa, que faltara até mesmo à Santa Aliança, “internacional”, por excelência, do início daquele mesmo século, com suas raízes atávicas no sangue e no sagrado, hierarquias de sangue e direito divino, num esforço breve, mas violento, de recidiva medieval.  

Não é curioso que a expressão de tudo isso, hoje, com uma pauta reacionária cada vez mais arrogante no espaço público, seja a novidade histórica do apartheid oficial no Rio?

SRN





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