A
crise no modelo representativo, alegada pelo Mazaropi de Nanterre, é uma
formulação razoável?
Rigorosamente,
não, a julgar pelo processo histórico de sua instauração e institucionalização
desde a Revolução Francesa (sua universalidade, por isso vale como marco, ao
contrário das especificidades de sua similar anterior de um século, na
Inglaterra). A liberdade e a igualdade, na pá de cal no Feudalismo, cedo
extrapolam ao controle. Como se não fossem exemplos as marchas e
contra-marchas, as contradições de classe no interior do processo
revolucionário francês de uma década ao final do século XVIII, quando, então, o voto
censitário é estabelecido como regra, sua contestação é permanente,
acirrando-se à medida da consolidação da classe trabalhadora.
Nem
a Monarquia Constitucional nem a República conseguem conter a luta política,
limitá-la ao âmbito do Parlamento, cabendo, então, perguntar: pode-se falar em
crise quando o ciclo nunca foi estável?
O
modelo representativo é a forma política do Estado de Direito burguês. A crise
é condição de sua gênese porque tributária ao dinamismo destruidor da sociedade
capitalista. A liberdade que permite às classes subalternas a busca da
igualdade material, insuficiente que é apenas a formal, garantida em lei. A
renovação técnica, destruindo as formas pretéritas de produção, elevando e
tornando mais complexa a obtenção de valor. O modelo representativo, pois,
vive em crise. Conforme escreveu Marx no “18 Brumário”:
“A
república só pode representar a forma de revolução política da sociedade
burguesa e não a sua forma de vida conservadora.”
“Semipresidencialismo”,
como se vê, é um esforço em favor do atraso, vindo justo do Mazaropi de
Nanterre, que adora usar Burke contra o “atraso”
das nossas elites.
SRN
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