terça-feira, 15 de março de 2016

Crise no modelo representativo?

A crise no modelo representativo, alegada pelo Mazaropi de Nanterre, é uma formulação razoável?
Rigorosamente, não, a julgar pelo processo histórico de sua instauração e institucionalização desde a Revolução Francesa (sua universalidade, por isso vale como marco, ao contrário das especificidades de sua similar anterior de um século, na Inglaterra). A liberdade e a igualdade, na pá de cal no Feudalismo, cedo extrapolam ao controle. Como se não fossem exemplos as marchas e contra-marchas, as contradições de classe no interior do processo revolucionário francês de uma década ao final do século XVIII, quando, então, o voto censitário é estabelecido como regra, sua contestação é permanente, acirrando-se à medida da consolidação da classe trabalhadora.
Nem a Monarquia Constitucional nem a República conseguem conter a luta política, limitá-la ao âmbito do Parlamento, cabendo, então, perguntar: pode-se falar em crise quando o ciclo nunca foi estável?
O modelo representativo é a forma política do Estado de Direito burguês. A crise é condição de sua gênese porque tributária ao dinamismo destruidor da sociedade capitalista. A liberdade que permite às classes subalternas a busca da igualdade material, insuficiente que é apenas a formal, garantida em lei. A renovação técnica, destruindo as formas pretéritas de produção, elevando e tornando mais complexa a obtenção de valor. O modelo representativo, pois, vive em crise. Conforme escreveu Marx no “18 Brumário”:
“A república só pode representar a forma de revolução política da sociedade burguesa e não a sua forma  de vida conservadora.”
“Semipresidencialismo”, como se vê, é um esforço em favor do atraso, vindo justo do Mazaropi de Nanterre, que adora usar Burke contra  o “atraso” das nossas elites.
SRN




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