quinta-feira, 31 de março de 2016

Mal menor...


Vejo as imagens e as comparo. A memória aberta. Com 21 anos, o entusiasmo com que desenhei as quatro camisas do nosso grupo que saiu daqui, da Gonzaga, a pé, pra Candelária, em 84. A pé, porque a Praça da Bandeira fechada, a Presidente Vargas já lotando desde os correios. O otimismo e o arroubo de que as Diretas pra Presidente eram só um esboço da felicidade sem nitidez só por causa de reacionários, entreguistas, americanófilos, imperialistas, militares, necroses cheios de esparadrapos opacos. E não uso sequer hoje o argumento de um senhor de mais de meio século. Outros iguais estão na rua defendendo o mal menor. Será mesmo que a vida resume o materialismo a um dualismo árido, nublado, praia de paulista? Meus 21 anos não amadureceram um senhor capaz de fazê-lo esbarrar hoje na rua gritando, meio idiota, com um receio lá no fundo do ridículo: “não vai ter golpe...”

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