Há
uma sugestão não enunciada por Ruy Braga em seu texto no Blog Junho. Lula, “o
pacificador”, poderia se reinventar, fazer como fizera quando sindicalista nas
greves do ABC. Pra não ser superado pelo ativismo operário, transformou-se em
seu delegado. Ainda não dispunha de forças pra representá-lo (o que implicaria
certo controle). Daí a radicalização de sua emergência no espaço público.
Lula-Presidente já é um líder de massas. Pode disciplinar e conduzir as
demandas populares à colaboração de classes, promovendo a inclusão. Todos
sabemos que não há produção sem salários, porque não se cria valor sem
mais-valia. Economia Política, burguesa, é hegemonia, a fim de evitar o
conflito distributivo. Lula incorporou 40 milhões ao mercado, o que é bom pro
capitalismo porque não gerou pressão sobre o excedente. A nova massa salarial
estava longe de criar um conflito distributivo. Mas, agora, que o capital
imprime um caráter de superexploração, precarizando direitos? Qual utilidade
terá um Lula desgastado? Saberá reinventar-se como em 1978, quando entende o
que está em jogo, o ativismo radical do proletariado do ABC, e se põe à altura
ou não passa de um esparadrapo gasto à espera de remoção?
SRN
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