sexta-feira, 4 de março de 2016

Estado de Direito que deve ser respeitado ou Estado de Direito como mecanismo de elite?

A Presidente é tediosa, mas tocou num ponto que, se fosse mais competente na comunicação, deveria insistir. Referiu-se, confusamente, à desproporcionalidade da ação sobre Lula, numa alusão a própria negação do que caracteriza o Estado de Direito, em sua premissa fundamental, histórica, de limitação do poder do Estado. Democracia representativa, burguesa, gerida com respeito pelo Lulopetismo. O Estado excedeu-se, corrompendo as suas próprias premissas? Neste caso, manifestou-se como um "mecanismo das elites", denunciando seu caráter de classe, como já tivemos em outras oportunidades, sobretudo em 64, conforme ampla e excelentemente fundamentada por Dreifuss, no clássico "1964: a conquista do Estado"? Alguém acredita, com franqueza, que seja este o caso, que o ex-Presidente representa, de fato, uma ameaça aos "interesses das elites", após ter-lhe gerido o consenso num presidencialismo de coalizão que ainda está ai, cada vez mais liberal? Afinal de contas, o que temos é um Estado de Direito, portanto, burguês, que deve ser respeitado, ou um Estado de Direito, portanto, burguês, que tem de ser combatido e que atua como um mecanismo de elite?


SRN

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