A
charge de hoje de Chico Caruso não é abjeta apenas pelo truísmo da inadequação.
Esclarece expondo a falácia do suposto cartunismo iconoclasta, como se bastasse
empunhar uma caneta nanquim pra ter o monopólio da pureza incondicional. O Charlie
Hebdo foi outro dia, e quem buscasse tentar entender o que ocorreu era logo tachado
de cúmplice de assassinos. Afinal, não há cartunista de conjunção adversativa. Não
é preciso nem recorrer a fumaças de materialismo, bastando apenas ter passado
da adolescência, pra saber que não se vive fora da vida, com todas as
contradições e condicionalidades que impõe, cabendo o esforço de viver de
acordo, ou o mais próximo possível, daquilo em que se acredita, diante o tempo inteiro
do confronto com toda sorte de concessões.
É
óbvio que nada do que vem do Globo merece sequer respeito. A estratégia de
derrubar o governo é notória e todos os seus funcionários, cartunistas
iconoclastas libertários ou não, são ordenados a obedecer as instruções do
patrão.
Do
outro lado, há os tarefeiros do PT, para os quais qualquer crítica é atacada logo
como “vendida à direita”. Ou seja, quem não se convence do que representam Levy
e Kátia Abreu, embora acredite no avanço que significa a continuidade do
governo Dilma, não pode sequer pedir explicações, tentar entender. E hoje, mais
uma vez, a Presidente perdeu a oportunidade. De fato, a Dilma não sabe se
comunicar, dizer com clareza. Em linhas gerais, quis dizer que a estratégia
usada por Lula no combate à crise de 2008, recusando a austeridade e
estagnação, agora já não é mais viável, exigindo medidas de outra natureza,
próximas ao receituário liberal. Mas, se todos os fundamentos estão sólidos,
tributários à herança de Lula, por que, então, mudar a estratégia? É uma dúvida
sincera de muitos que torcem pelo avanço social que o seu governo representa
contra panelaços ressentidos, lobos idiotas e cartunistas libertários
iconoclastas que só batem naquilo que o patrão manda bater.
SRN
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