Além
de linda, você é uma mulher que me expõe todas as contradições do machismo, a
despeito de toda a força que faço. Na divisão do trabalho doméstico, a louça
que não dei importância, mas que me cabe, pois a sua parte já foi feita. A
última palavra, sempre lúcida e firme, o que me faz desconfiar de quem é o
verdadeiro sexo forte. O compromisso absoluto que sempre diverge do meu
clássico, tipicamente carioca, “depois eu passo lá”. Quando você diz que vai
passar, pode contar que é certo. E não vale nem a desculpa da carioquice, pois
ambos nascemos na Guanabara. Ambos também Rubro-Negros, fizemos História, e a referência
crítica na práxis diária de professora do Município do Rio que procura fazer
valer a lei de ensino de História da África e Relações Étnico-Raciais numa
discussão que exige prudência, pois confronta preconceitos, notadamente o avanço
do messianismo evangélico, em que as crianças populares, basicamente mestiças,
têm em casa uma matriz que condena qualquer coisa vinda da África, até mesmo
uma simples representação estética, como coisa de “macumbaria”. Não bastasse
enfrentar o capeta, há a política, a recidiva reacionária; enfim, a enumeração
seria longa. Por isso o seguinte:
“Eu
a amo.”
SRN
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