segunda-feira, 23 de março de 2015

Eficácia Histórica ou Condenação Moral?



Segundo o historiador argentino, Luis Alberto Romero, em artigo publicado na Topoi, o historiador vive um dilema quando pratica a História do Tempo Presente. Dividido entre a eficácia historiográfica e a cidadania imediata, o passado recente traumático, que ainda dói, exige dele a difícil decisão entre buscar explicá-lo no meio de suas contradições e complexidades, em que não há heróis nem mocinhas indefesas, mas forças quase sempre desequilibradas (como no caso dos recentes Estados autoritários latino-americanos) com motivações e interesses conflitivos, e explicações simples e contundentes de condenação moral das ditaduras que o tomaram de assalto.

O circo de horrores do domingo 15 facilita a escolha, justificando a segunda opção. Qual historiador ficaria incólume vendo um agente do Dops transformado em herói de bravatas de assassinatos e torturas, ao lado de jovens sorridentes, como o vovô do fim de semana?

Ao mesmo tempo, porém, o que aparenta aberração é também fonte. Trata-se da alegoria do senso comum expresso em depoimentos correntes de que “quem trabalhava e era direito não teve nenhum problema com os militares.” Aliás, quem vocalizou isso há meses, em cadeia nacional, foi o Roger, do ‘Ultraje a Rigor”, falando a respeito do assassinato do Rubens Paiva, aqui perto, no quartel da PE, na Barão de Mesquita, pelos agentes da ditadura.

Será que estamos a caminho de superação do pressuposto da conciliação que orientou e que hoje impede a revisão da lei da Anistia?

SRN



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