Segundo
o historiador argentino, Luis Alberto Romero, em artigo publicado na Topoi, o
historiador vive um dilema quando pratica a História do Tempo Presente.
Dividido entre a eficácia historiográfica e a cidadania imediata, o passado
recente traumático, que ainda dói, exige dele a difícil decisão entre buscar
explicá-lo no meio de suas contradições e complexidades, em que não há heróis
nem mocinhas indefesas, mas forças quase sempre desequilibradas (como no caso
dos recentes Estados autoritários latino-americanos) com motivações e
interesses conflitivos, e explicações simples e contundentes de condenação moral
das ditaduras que o tomaram de assalto.
O
circo de horrores do domingo 15 facilita a escolha, justificando a segunda
opção. Qual historiador ficaria incólume vendo um agente do Dops transformado
em herói de bravatas de assassinatos e torturas, ao lado de jovens sorridentes,
como o vovô do fim de semana?
Ao
mesmo tempo, porém, o que aparenta aberração é também fonte. Trata-se da
alegoria do senso comum expresso em depoimentos correntes de que “quem
trabalhava e era direito não teve nenhum problema com os militares.” Aliás,
quem vocalizou isso há meses, em cadeia nacional, foi o Roger, do ‘Ultraje a
Rigor”, falando a respeito do assassinato do Rubens Paiva, aqui perto, no
quartel da PE, na Barão de Mesquita, pelos agentes da ditadura.
Será
que estamos a caminho de superação do pressuposto da conciliação que orientou e
que hoje impede a revisão da lei da Anistia?
SRN
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