quinta-feira, 26 de março de 2015

Laborie do Lado esquerdo da Tribuna de Honra



A paixão é inerente à política. Para a disputa do convencimento, então, é um recurso de arquibancada. Porém, tanto a militância quanto o argumento têm de conviver num espaço público que não criminalize as divergências. É quando torna-se indispensável a defesa encarniçada de posições contra manifestações que nada têm de democráticas. O apelo ao autoritarismo que marca a nossa história não pode esconder-se atrás da liberdade de expressão para matá-la.

É evidente que este governo está refém. Mantê-lo sangrando interessa às diversas modalidades do capital, bem como ao Eduardo Cunha e Renan Calheiros, sempre com boas propostas de negócio. E quem defende a manutenção de um governo legitimamente eleito vive o pior dos mundos, pois é logo chamado de corrupto, de um lado, e, do outro, cúmplice da direita. 

A direita, aliás, perdeu a vergonha. A “memória do silêncio”, de que nos fala Laborie, é a interpretação do silêncio no passado de acordo com os interesses do presente. O silêncio pode ter sido cúmplice ou consentimento. É quando, em geral, assume a forma de conciliação, uma pedra no passado a fim de evitar constrangimentos. Mas, e agora, em que nem sequer mais é o caso, em que a “memória do silêncio” não precisa substituir, também de Laborie, o “silêncio da memória”, a “má consciência”, a vergonha pelo que se fez no passado?

Não seria a hora de revisar a Lei da Anistia?

SRN


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