A
paixão é inerente à política. Para a disputa do convencimento, então, é um
recurso de arquibancada. Porém, tanto a militância quanto o argumento têm de
conviver num espaço público que não criminalize as divergências. É quando
torna-se indispensável a defesa encarniçada de posições contra manifestações
que nada têm de democráticas. O apelo ao autoritarismo que marca a nossa
história não pode esconder-se atrás da liberdade de expressão para matá-la.
É
evidente que este governo está refém. Mantê-lo sangrando interessa às diversas
modalidades do capital, bem como ao Eduardo Cunha e Renan Calheiros, sempre com
boas propostas de negócio. E quem defende a manutenção de um governo
legitimamente eleito vive o pior dos mundos, pois é logo chamado de corrupto,
de um lado, e, do outro, cúmplice da direita.
A direita, aliás, perdeu a
vergonha. A “memória do silêncio”, de que nos fala Laborie, é a interpretação
do silêncio no passado de acordo com os interesses do presente. O silêncio pode
ter sido cúmplice ou consentimento. É quando, em geral, assume a forma de conciliação,
uma pedra no passado a fim de evitar constrangimentos. Mas, e agora, em que nem
sequer mais é o caso, em que a “memória do silêncio” não precisa substituir,
também de Laborie, o “silêncio da memória”, a “má consciência”, a vergonha pelo
que se fez no passado?
Não
seria a hora de revisar a Lei da Anistia?
SRN
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