sexta-feira, 25 de junho de 2010

A cabeçada do Rondinelli termina em diabetes

A negação de 82 foi a seleção de 90.

Ao invés de Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, passamos à institucionalização de Dunga, Alemão, Silas e Valdo, que só não não foram piores que Dunga, Mauro Silva, Mazinho e Zinho, campeões em 94, demonstrando que qualidade não é intrínseca ao sucesso.

O velho Marx já dizia que o "indivíduo não vale por si mesmo, mas pelas categorias que representa". É isso que o Dunga não entende.

A "Era Dunga", menos por ele do que pela pavorosa seleção lazaronesa, foi a encarnação a um caboclo conveniente. Seus elogios a Collor, quando já se sabia o óbvio, dava o acabamento, junto com a cantilena sertaneja, a uma estética de porteira que praticamente justificava a fuga pro Galeão.

A "Era Dunga" correspondeu no futebol ao início da hegemonia do neoliberalismo.

Minha filha nascia e o surrealismo me era uma questão particular: o fim da ditadura, do Time Maior Campeão de Tudo, da geração do Telê de 82, do Nirvana, praticamente da legião e a emergência de Collor, Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Chororó, gravatas hermés, a Barra, a pior experiência de fantasmagoria do fetiche da mercadoria exposta em um lazaronês túrgido.

Numa palavra: Dunga.

O surrealismo estava justo em abandonar o registro do impulso criador, suscetível à elaboração (Dali), quanto na escritura automática, sem regra, sem sintaxe. As telas de Dali, seus relógios moles, eram uma concessão à mediação racional.

Assim deveria ser sempre o futebol.

O improviso e a surpresa a terem como suporte o esquema tático.

Estou convencido de foi o fim daquele time campeão de tudo, que começa com a cabeçada do Rondinelli em 78 e termina com título brasileiro de 87, a causa do diabetes do 28, outro grande parceiro deste blog.

SRN

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