terça-feira, 22 de junho de 2010

Samuel Wainer não era nenhum jabulani

Quem chegou agora não acompanhou. Mas, deve saber, porque não era necessário estar em Porto Seguro, a jabulani na mão, Dunga ao lado, à espera de Pedro Cabral e confirmar a ocupação estratégica do Brasil, para o domínio do Atlântico Sul.

Não faz 500 anos.

Faz mais ou menos 20, da primeira publicação de “Minha razão de Viver”, de Samuel Wainer.

Wainer foi o fundador da “Última Hora”, com dinheiro público, vindo do Banco do Brasil.

Uma vergonha, em tom uníssono, jabulani, dos mesmos moralistas que massacravam palavras nos jornais dos Diários Associados, de Assis Chateuabriand, do Correio da Manhã, de Paulo Bitencourt e do Globo, ainda uma irrelevância, de Roberto Marinho.

A diferença quanto à atualização contemporânea está na escala do talento. Lacerda, o corvo, para cuja efígie fora decisivo a charge de Lan, era não só audível, mas também legível, ao contrário da contrafação engradada à que nos expõem diariamente os amestrados da globo.

Evidentemente que não se trata aqui do Salão de Humor de Piracicaba, na qual a forma conta muito e a charge de lan certamente adentra um panteão. Se lacerda correspondia a metragens cúbicas de engrados, devemos, entretanto, nos debruçar com cuidado sobre a matéria plástica de que são feitos e ver o que têm dentro. Se remexermos fundo, a náusea provocada pelo mau cheiro dará origem a mecanismos semelhantes à velha chorumela e, o que é pior, como se fosse novidade. Mas não é. Basta tirar o som da televisão e abrir o livro de Samuel Wainer.

Os “paladinos” da moral, da “imprensa livre” faziam confusão semelhante: o “mar de lama” que engolfava Getúlio não passava de vazamento, uma infiltração que se resolve com durepoxi a irrigar a Última Hora com dinheiro público que seguia um curso amazônico para o oceano voraz daqueles donos de grandes jornais da época.

Indispensável deixar claro que criticar o Dunga de Macedo não significa ficar ao lado de uma imprensa que, só não gosta do diácono do Jorginho, simplesmente porque ele atrapalha os negócios.

O que me cabe neste blog se deve ao fato de que, em determinada altura da vida, se se pode ter boa fé, não cabe, por ridículo, ser ingênuo.

Noto como a argumentação tem o caráter sofístico, velho de não sei quantos anos. Apenas um empobrecimento estético, na ausência de figuras de linguagem, que fizeram Lacerda, anos depois, em pleno desentendimento com Castelo Branco, a quem ajudara golpear Jango, chamar o general-presidente de “anjo da Conde Laje”.

Quem é carioca sabe do que estou falando.

É a Lapa contemporânea: Dunga de Macedo x Engradados da globo.

SRN

Máximo


Realidade Global

Lembro dos tempos em que a Globo escolhia governantes e criava livremente versões para os fatos. A realidade era construída a partir dos interesses globais. Tal prática se arraigou e sempre que os fatos e a realidade colidem com seus interesses dá-se a manipulação das imagens e a arregimentação de seus profissionais ávidos pela entrega ao aulicismo. Ontem foi assim.

Na primeira disputa de bola, Lúcio deu um soco no braço recém-quebrado de Drogba. Covardia? Comportamento destituído de qualquer ética? Claro que não.

Como bem disse o Máximo, o time de Dunga é a pátria de chuteiras e o jogo uma batalha a ser ganha, pouco importando os meios.

Recentemente lamentei a deplorável jactância e orgulho com que Maradona se refere ao episódio conhecido como a "Mão de Deus". Disse que o Argentino é chegado a uma vilania e que se acha tão especial que qualquer coisa, por mais abominável que seja, justifica o seu êxito.. Um outro episódio, o tal da "água batizada" foi execrado por nossa "imprensa". Como pode? Dopar nossos indômitos jogadores!

Os argentinos já ganharam prêmios Nobel (creio que 5), levaram recentemente o Oscar de melhor filme estrangeiro. É ativo politicamente, culto e cosmopolita. Em suma, um povo admirável.

Fizemo-nos Argentinos. Não pelas razões expostas acima.

Assim como Maradona, estamos orgulhosíssimos pelo ato ilícito praticado. Enebriamo-nos ante nossa torpeza. Que bom enganamos os Marfinenses. Num único gol cometemos três irregularidades (dois toques com a mão e uma cama-de-gato).

Ao silêncio aquiescente imposto e alegremente aceito, vem se somar agora o assombramento pela vantagem ilegal.

A vitória é tão importante? Tudo se justifica ante sua consecução?

Sacrificar um modo de jogar, atirar a decência ao limbo e tiranizar a tudo e todos. O que mais virá?

Estamos em meio ao oba-oba, ao vale-tudo e assim como se vê no mito de Prometeu, eu resisto. O Máximo já disse que há gente vendendo a mãe, mas que não entrega. Os tempos são outros meu amigo, eles agora entregam a domicílio.

Tadeu dos Santos


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