sábado, 1 de maio de 2010

28

Outro dia ele chegou avisando:

“Parei.”

Mandamos o cara cancelar e pedimos mais uma cerveja.

28 foi pro lugar dele, encostado com o pé na parede e o cotovelo no balcão.

“Passei na Desembargador Isidro e descobri que tô diabético. Não fode!”

O Zé Roela da auto-ajuda manda que “diabetes pode ser sinônimo de vida saudável.”

“Não mete essa, meu irmão!”

Mas, o diabetes do 28 podia ser consumido na porção de moela, além disso tinha um dvd que dava pra ver na mão dele, dentro do saco da americana.

“A Sandra foi comigo, porque eu tenho cagaço de médico. O sangue doce valeu.”

Era o dvd “Heróis de uma Nação: o maior time rubro-negro de todos os tempos.”

“Não sei se tem, vou ver, mas lembro de um golaço do Júnior em 74, muito antes desse timaço de 81. Eu era moleque nos ombros do meu pai que fechava o açougue cedo naqueles domingos em que o futebol era às 5, em meio à torcida comemorando aquele golaço feito pelo Júnior do meio-campo em cima do Rogério, o goleiro do América, que gostava de jogar adiantado. O Júnior viu. Foi foda. Carioca de 74. Maracanã, espaço leve, modenatura de conquista, cada vez mais rubro-negro aquele moleque que eu era. Sempre aos domingos.”

Às vezes, também, um Drummond de botequim.

28 nesse dia não bebeu.

SRN

Nenhum comentário:

Postar um comentário