quinta-feira, 20 de maio de 2010

Chinampa


Os que foram obrigados ao castelhano eram nativos.
Aqui tudo era estrangeiro. A língua veio com o português que a impôs ao escravo negro, objeto pra ser gasto, também estrangeiro. Aos nativos, a terra de ninguém, arrasada.
Comeu-se o bispo Sardinha, mas a digestão só foi feita adiante, muito depois, por Charles Miller.
O football então virará futebol, porque ludopédio, convenhamos.
De objeto a sujeito, não propriamente; melhor adjunto, que aparece junto ao nome do artilheiro, do craque, "o negro no futebol brasileiro", só admitido assim entre aspas, no ambiente de chinampa. Era o que deveria ter feito Lima barreto, as chuteiras de pregos, os gomos de couro costurados à mão, em sucedâneo a estes preferiu o delírio, a heresia à palavra que só podia vir branca.
Chinampa era a agricultura intensiva praticada no Vale do México, antes da chegada da europeu lá trás, no varandão da saudade de nossa história de dependência. Rendia muito em pouco espaço.
Flamengo, eis a síntese do que escrevi.
Adriano, meu irmão, melhor abandonar as palavras engradadas ao inventário de corpos alinhados, disciplinados, abatidos em reverência à esclerose que teima em nos envelhecer.
E envelhecer é acumular cadáveres.
É, por isso, que desconheço "alma" Rubro-Negra. Só Rubro-Negra, matéria, força concreta da história que se impõe. No confronto, conhecemos sempre a síntese que todos sabem qual é. E não se diga a ladainha de quem vive na perversão da utopia, em sua vontade de não fazer nada, porque nunca vi amarelos, vices, bambis das Laranjeiras senão numa imensa chinampa lacustre de lágrimas de pobres-diabos.
Qualquer resultado no Chile, hoje, nunca será igual à ridicularia do resto, dos filhos da idiotia de quem pensou que poderia brincar seja onde fosse, tampouco no "brasileiro".

O Flamengo é um protagonista da História.

E isso a sobra só pode ler.

SRN

Nenhum comentário:

Postar um comentário