sexta-feira, 7 de maio de 2010

Caboclos da Light


Pensei em propor a 28 uma entrevista.

Naquela base de quem não quer nada, mas, para conferir dignidade, a pergunta curta, tirante ao panegírico, para a resposta profunda, sábia, dialeticamente materialista, em substituição à filosofia, hegeliana, pois 28 não anda de cabeça baixa nem é surdo.

Como eu também não.

Então, os ouvidos despreocupados, o rádio ligado ao meu lado à mesa em que formulava e redigia as perguntas, quando há uma queda na luz, seguida pelo apagão.

Perguntei à Bete se não havia pagado à Light, qualquer coisa eu juntava pro ferro-velho as latinhas de cerveja, amassava junto as botijas de plástico da caninha da roça, amassava também junto a frigideira velha.

Nem uma coisa nem o Lula.

O fenômeno, metafísico, acreditem: o rádio falava, continuava a falar.

Eu, que ando descuidado da parte espiritual, não tomado o banho de descarrego do pescoço pra baixo, só podia estar sob eflúvios provenientes do lar do Prado, vindos a cavalo, amarrados a rédeas bandeirantes.

Na sonoplastia etérea estrurgia o que fosse. Sirenes, apitos, asa de helicóptero, relinchos, erres dobrados, porrrrtas, 1 chops e 2 pastel.

Não se faz jornalismo no escuro, mesmo com a conta da Light em dia. O que se consegue nessas horas é buscar o refúgio da caixa de fósforo, pois a vela é sempre a do despacho vencido, monótona, na luz baça persecutória.

Ainda bem que passa.

O problema é que caboclos como esses prestam um deserviço à cultura popular.

São insuportáveis a um ponto, que não basta o ponto, é preciso junto um Pai Nosso.

O Lar do Prado e seu caboclo bandeirante são os grandes fomentadores do fenômeno evangélico nacional.

Pelo jeito a luz só volta amanhã.

SRN

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