domingo, 2 de maio de 2010

Galeano na veia

A vantagem de ser Rubro-Negro começa pelo seguinte:

“Eu creio que o caso de Adriano é revelador, como bem disse, de preconceitos e julgamentos que vão além das anedotas.

O bombardeio que Adriano sofre revela, por exemplo:

A obsessão universal pela vida privada dos que têm exito, e acima de tudo pelos desportistas vencedores que vem da miséria e que tinham nascido estatisticamente condenados ao fracasso.

Exige-se deles que sejam freiras de convento, consagrados ao serviço dos demais e com rigorosa proibição do prazer e da liberdade.

Os puritanos que os vigiam e os condenam são, em geral, medíocres cujo desafio mais audacioso, sua mais perigosa proeza, consiste em cruzar a rua com luz vermelha, alguma vez na vida, e isso tem muito a ver com a inveja que provoca o êxito alheio.

Tem muito a ver com a demonização dos pobres que não renegam sua mais profunda identidade, por mais exitosos que sejam.

E muito tem a ver, também, com a humana necessidade de criar ídolos e o inconfessável desejo de que os ídolos se derrubem.

Um abraço do teu amigo,
Eduardo Galeano”

Copiado do blog de Lúcio de Castro

Faz quase dois meses o Grande Galeano nos iluminou expondo as veias no ataque aos açougueiros da rua Alice no corte ao fígado do Adriano. Certo, não se apresentam como açougueiros, mas como clínicos ou conselheiros do AA, preocupados com o estado da arte.

Sou como 28 um “quase diabético” (no caso dele, um “quase avô”). É que meu sangue vira vinagre antes de ficar doce e a vontade de vomitar aumenta à proporção que leio, escuto e vejo. Da tipologia de rádio, conhecida pelo levado do almoço, aos digitalizados dos meios, na linha ufologista de mtv, pouco sobra das casas da banha esportiva.

E no negócio da rua Alice o jontex vai de ralo com a malandragem, porque se se continua a ler, a ver e a escutar.

Outro dia pegaram um desses, na saída. Quase rola a ladeira, puto porque o teco não tava puro e só sobrara moeda no bolso, sem chance pra geral aceitar. O cara nem falou naquele dia, disse que não ia pra rádio.

Minha filha está pra entrar nos vinte nem eu quero jogador pra casar com ela, exatamente como o Saldanha, outro Grande no esquema de Galeano. Por isso, pouco me importa se o Adriano apareceu em Ipanema, reatou com a namorada, organizou churrasco na lage ou fez orgia com anão e a égua perto da Lâmpada que lhe queimou o pé.

Vou te dizer, meu irmão, ir pro Ninho pra ouvir o Jorginho de Macedo, o flanelinha que ocupou a vaga do Monstro Sagrado leandro e depois quis trocar o símbolo do diabo do histórico segundo time carioca.

Adriano, meu camarada, só não perde a hora do embarque na quarta, de noite, no Santos Dumont. Isso mesmo, na quarta, quase na hora do jogo,porque o que interessa é que você entre em campo.

SRN

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